Agressões sexuais praticadas por mulheres é tema de debate em Paris
As mulheres são mais frequentemente vítimas de agressões sexuais que os homens, mas elas também podem ser autoras. O tema foi um dos assuntos discutidos durante o colóquio internacional promovido pela ONG Stop Aux Violences Sexuelles (SVS - "chega de violência sexual", em tradução livre), que aconteceu esta semana em Paris.
As mulheres são mais frequentemente vítimas de agressões sexuais que os homens, mas elas também podem ser autoras. O tema foi um dos assuntos discutidos durante o colóquio internacional promovido pela ONG Stop Aux Violences Sexuelles (SVS – “chega de violência sexual”, em tradução livre), que aconteceu esta semana em Paris.
Na França, 86% das vítimas de violência sexual registradas pela polícia em 2017 foram mulheres. “‘Vítima’ é uma palavra feminina e ‘agressor’, uma palavra masculina”, diz o médico Jean-Louis Thomas. “Mas elas também são autoras de violência”, acrescenta, evocando um “tabu social”.
“A sociedade tem dificuldades em admitir a violência sexual perpetrada pelas mulheres, pois vai contra a imagem de mãe dedicada e provedora”, explicou o especialista durante o encontro internacional, que aconteceu nos dias 7 e 8 de janeiro, na capital francesa.
Poucos casos são denunciados
Como sempre quando se fala em violência sexual, os dados são insuficientes, uma vez que uma minoria dos casos chega à polícia e à justiça. Na França, o relatório “Insegurança e Delinquência”, do ministério do Interior, de janeiro de 2018, registra 2,3% de mulheres entre 22.348 pessoas indiciadas em 2017 por infrações de caráter sexual.
O mais amplo estudo do mundo sobre violência sexual foi realizado a partir de 802.150 casos denunciados à polícia em 37 estados americanos em dez anos (1991-2011). Os dados revelam a implicação de 5,3% de mulheres e de 94,7% de homens na autoria dos crimes. As vítimas eram principalmente criancas (60% dos casos) e adolescentes (30%) de ambos os sexos.
A ONG SVS realizou um estudo em 2014 com 188 vítimas de agressões sexuais. Em 81% dos casos, o homem era o único agressor. Em 1,6% dos incidentes, a mulher era a única acusada. Mas 17,2% das denúncias tinham ambos como autores da violência sexual.
Alguns escândalos de muita repercussão mostram a implicação de mulheres, como o caso do criminoso belga Marc Dutroux e sua ex-mulher, que abusaram de seis jovens mulheres em 1995 e 1996. Na cidade francesa de Outreaux, um escândalo de pedofilia teve dois casais acusados de estupros de menores.
Crime sutil
“A violência sexual realizada pela mulher é muito mais sutil” e “mais difícil de ser detectada pela criança”, explica a médica Violaine Guérin, presidente da SVS.
Durante o colóquio, a ONG SVS destacou ainda a importância de um trabalho de prevenção, desde a fase perinatal. Trata-se de um “período propício para acompanhar futuros pais e mães que foram vítimas de violência sexual”, segundo a especialista Nicole Andrieu, parteira e especialista em prevenção de violência sexual na fase perinatal.
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