Fracasso de "Passe Livre" em Paris levanta debate sobre transporte gratuito nas metrópoles
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, anunciou na quinta-feira (11) uma série de medidas para tornar o transporte público gratuito para uma parte da população. O projeto inicial previa "Passe Livre" para todos, mas os estudos mostraram que a medida não resolveria a questão dos congestionamentos e da poluição, prioridades para as autoridades nas grandes cidades.
A prefeita de Paris, Anne Hidalgo, anunciou na quinta-feira (11) uma série de medidas para tornar o transporte público gratuito para uma parte da população.A partir de 1° de setembro em Paris, os moradores menores de 11 anos, assim como os menores de 20 anos portadores de deficiência poderão andar de graça nos metrôs, bondes e ônibus da capital francesa. Além disso, os estudantes, que já beneficiam de uma tarifa preferencial, vão pagar apenas metade do preço.
O pacote de medidas, que deve custar anualmente € 50 milhões para os cofres públicos, foi a solução encontrada pela prefeita após o fracasso de um projeto que previa a gratuidade nos transportes para todos. Hidalgo defendia que um “Passe Livre” incitaria a população a deixar seus carros na garagem, gerando menos poluição.
No entanto, as autoridades se deram conta que o transporte gratuito não iria resolver o problema dos congestionamentos e da emissão de gases poluidores, objetivo principal do projeto inicial. Os peritos, que estudaram a proposta desde abril de 2018, concluíram que os usuários de carro em Paris iriam continuar dirigindo seus veículos por uma questão de rapidez ou conforto. Segundo as estimativas da prefeitura, o transporte gratuito diminuiria entre 2% e 5% do tráfego de veículos na cidade, um impacto ecológico considerado relativamente baixo com relação ao custo do projeto.
Medida vista como eleitoreira
Atualmente, 27% do orçamento para o funcionamento dos transportes públicos parisienses são custeados pelas passagens, o que representa € 3 bilhões (cerca de R$ 13 bilhões). O restante dos gastos é arcado pelo governo que, com uma eventual gratuidade das passagens, teria que encontrar novas fontes de renda para cobrir a diferença.
Talin, na Estônia, e Luxemburgo, adotaram recentemente o “Passe Livre” para todos, assim como a cidade de Dunkerque, no norte da França. Porém, em todos os casos o benefício cobre regiões ou cidades relativamente pequenas. O grão-ducado, por exemplo, tem apenas 600 mil habitantes, enquanto na capital estoniana a população é de apenas 400 mil pessoas. Uma comparação que reforça o argumento dos opositores ao projeto de que a gratuidade do transporte para todos não funcionaria em metrópoles.
A oposição francesa também afirma que Anne Hidalgo lançou o projeto do “Passe Livre” parisiense apenas com intuito eleitoreiro, já que ela entra em seu último ano de mandato e pretende tentar se reeleger em 2020. Sofrendo com uma queda de popularidade em razão de medidas polêmicas, como a criação de zonas de pedestres às margens do Sena, ou ainda os problemas de segurança e de limpeza na cidade, a prefeita estaria tentando, como a passagem gratuita, melhorar sua imagem.
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