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Após prisão de Battisti, Itália espera extradição rápida ao país

13/01/2019 08h42

Um avião do governo italiano chegará neste domingo (13) à Bolívia, onde o ex-ativista italiano Cesare Battisti foi preso. A aeronave leva policiais e agentes secretos, de acordo com o ministro do Interior Matteo Salvini. Roma espera que a extradição do ex-militante de extrema esquerda, condenado à prisão perpétua por homicídios no país, seja rápida.

Um avião do governo italiano chegará neste domingo (13) à Bolívia, onde o ex-ativista italiano Cesare Battisti foi preso.

A repatriação colocaria fim a quase 30 anos de busca dos italianos por Battisti, considerado um terrorista pela justiça do país. O ex-militante, de 64 anos, estava foragido desde 14 de dezembro e foi detido em Santa Cruz de la Sierra. A polícia de Estado italiana indicou que a prisão foi feita por policiais italianos e bolivianos e ressaltou o papel “fundamental” da seção antiterrorista da Itália para a captura, assim como a cooperação policial internacional.

“O terrorista italiano Cesare Battisti foi preso na Bolívia esta noite e em breve será trazido para o Brasil, de onde provavelmente será levado até a Itália para que ele possa cumprir pena perpétua, de acordo com a decisão da justiça italiana”, twitou nesta madrugada Filipe G. Martins, conselheiro de relações exteriores do presidente brasileiro, Jair Bolsonaro.

Direto à Itália

A ida ao Brasil, no entanto, pode não acontecer. O jornal Corriere dela Sera, o primeiro a anunciar a notícia, explica que, cumpridos procedimentos técnicos e administrativos, Battisti poderia receber uma ordem de expulsão da Bolívia e ser levado diretamente para a Itália, que reclama a sua prisão. A definição sobre essa parada ou não no Brasil deve ocorrer nas próximas horas.

Em um comunicado, o ministro do Interior agradeceu à operação que resultou na detenção “de um delinquente que não merece uma vida confortável na praia, mas sim merece terminar seus dias na prisão”. Salvini também agradeceu a Bolsonaro, que desde a campanha eleitoral já deixava claro que não daria trégua a Battisti. Depois de ser eleito, o brasileiro declarou pelo twitter que o governo italiano poderia “contar” com ele para a extradição.

“Meu primeiro pensamento é para os próximos das vítimas desse assassino, que durante muito tempo se aproveitou de uma vida que ele covardemente tirou de outros, paparicado por esquerdas de meio mundo. O piquenique acabou”, acrescentou Salvini.

Disfarçado

O Corriere dela Sera afirma que o ex-militante foi visto na rua no sábado, usando barba e bigode falsos. Ele portava um documento brasileiro com o seu nome e não resistiu à prisão, de acordo com o diário.

Uma equipe da Interpol concentrou as buscas em Santa Cruz de la Sierra nas vésperas do Natal e depois se focou em alguns bairros da cidade, a capital econômica da Bolívia. O embaixador da Itália no Brasil comemorou a prisão. Em um tweet, Antonio Bernardini disse que "a democracia é mais forte que o terrorismo".

Temer autorizou extradição

Pouco antes de deixar a presidência, Michel Temer assinou um decreto de extradição de Battisti, que foi condenado à revelia em 1993 à prisão perpétua por quatro homicídios, além de participação em outras mortes, nos anos 1970.

O ex-militante do grupo de extrema esquerda Proletários Armados pelo Comunismo, classificado como terrorista pela justiça italiana, se refugiou por 15 anos na França e depois no Brasil, a partir de 2004. Ele nega as mortes e alega inocência.

No último dia de seu governo, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu que não cumpriria a orientação do Supremo Tribunal Federal e não entregaria Battisti à extradição. O ex-militante tinha o status de refugiado político desde 2007 e adquiriu a cidadania brasileira.