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Governo colombiano acusa guerrilha ELN por atentado e teme atraso nas negociações de paz

18/01/2019 14h05

O governo colombiano atribuiu nesta sexta-feira (18) à guerrilha Exército da Liberação Nacional (ELN) a autoria do atentado de quinta-feira (17) contra a escola da polícia nacional de Bogotá, que deixou 21 mortos e 68 feridos. José Aldemar Rodriguez, de 56 anos, morto na ação, foi apontado como o responsável pelo ataque. De acordo com o ministério da Defesa da Colômbia, ele fazia parte do grupo armado há 25 anos.

O governo colombiano atribuiu nesta sexta-feira (18) à guerrilha Exército da Liberação Nacional (ELN) a autoria do atentado de quinta-feira (17) contra a escola da ...

Um ato terrorista cometido pelo ELN acabou com essas vidas”, lamentou o ministro da Defesa, Guillermo Botero, durante um discurso no Palácio Presidencial Casa de Nariño. Os estudantes assassinados da Escola de Oficiais General Francisco de Paula Santander, situada no sul da capital colombiana, tinham entre 17 e 22 anos.

Botero afirmou ter “provas” de que o autor do ataque, conhecido sob seu nome de guerra, “Mocho Kiko”, fazia parte da frente Domingo Lain, que opera no departamento de Arauca, na fronteira com a Venezuela. A operação foi planejada há dois meses, acrescentou Botero. As discussões para um acordo de paz com os rebeldes do ELN, que se iniciaram em 2017, estão suspensas desde agosto de 2018.

“Esse ataque não se dirige unicamente contra nossa juventude, nossos agentes da força pública ou nossa polícia. É um ataque contra toda nossa sociedade. Esse ato terrorista demente não permanecerá impune”, disse o presidente da Colômbia, Ivan Duque. “Nós, colombianos, jamais ficaremos submissos diante do terrorismo, sempre o venceremos e essa vez não será uma exceção. Não nos renderemos.”

Ação do ENL demonstra desinteresse em acordo de paz com governo

De acordo com Leon Valencia, ex-guerrilheiro e diretor da Fundação Paz e Reconciliação, entrevistado pela RFI, esse novo ataque do ENL pode atrapalhar as negociações para colocar fim ao conflito armado no país. “Pensávamos que as negociações continuariam, mas agora ficou muito complicado para o governo dar prosseguimento”, afirmou.

“O grupo guerrilheiro ELN era o maior ainda ativo e esperávamos que, graças a ele, as negociações de paz pudessem avançar para acabar com o ciclo de violências no país. Eles insistiram na possibilidade de um cessar-fogo com o governo e disseram que, se esse acordo não fosse respeitado, retomariam as atividades violentas. Finalmente, o ELN optou pela via da violência”, analisou Leon Valencia.

Atentado com mais mortos desde 2003

De nacionalidade colobiana, José Aldemar Rojas Rodriguez invadiu violentamente a escola de polícia, a principal do país, dirigindo uma caminhonete contendo 80 quilos de pentolita, um explosivo de uso militar. Ao tentar escapar do controle na entrada do estabelecimento, o terrorista bateu com o carro no dormitório feminino.

O ataque é o mais mortal realizado em Bogotá desde que um outro carro-bomba deixou 36 mortos e dezenas de feridos no Nogal, clube popular do norte da cidade, em 2003. O ato foi cometido pelas Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC).