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Explosão de oleoduto no México desafia estratégia do governo contra roubo de combustível

19/01/2019 08h32

Pelo menos 21 pessoas morreram e 71 ficaram feridas na explosão seguida de incêndio de um oleoduto da cidade de Tlahuelilpan, a cerca de 100 km ao norte da Cidade do México, no estado de Hidalgo. A companhia mexicana de petróleo Pemex atribui a tragédia, ocorrida nesta sexta-feira (18), a mais uma sabotagem de grupos criminosos que vivem da venda clandestina de combustíveis.

Pelo menos 21 pessoas morreram e 71 ficaram feridas na explosão seguida de incêndio de um oleoduto da cidade de Tlahuelilpan, a cerca de 100 km ao norte da Cidade do México, no ...

A maioria das vítimas são moradores que recolhiam com latas, baldes e galões a gasolina que escapava da tubulação. Por volta da meia-noite, o ministro da Segurança, Alfonso Durazo, anunciou que o incêndio estava controlado. O presidente mexicano, Andrés Manuel Lopez Obrador, declarou na manhã deste sábado (19) no Twitter lamentar profundamente "a grave situação sofrida pelos habitantes de Tlahuelilpan".

Corpos carbonizados

As imagens exibidas na TV mexicana são dolorosas. Elas mostram pessoas correndo desesperadas, com roupas em chamas e partes do corpo queimadas, gritando e pedindo ajuda para fugir. A maioria dos mortos teve o corpo totalmente carbonizado. No final da madrugada, as ambulâncias continuaram a evacuar os queimados para os hospitais da região, que ficaram sobrecarregados pelo afluxo de feridos.

A Pemex declarou que um segundo incêndio ocorreu na sexta-feira, também após a sabotagem de um oleoduto para roubo de combustível. Mas o caso aconteceu em uma área desértica do estado de Queretaro e por isso não deixou vítimas.

Essa nova explosão acontece no momento em que o governo Lopez Obrador implementa uma estratégia nacional contra o roubo de combustível, um delito frequente que provocou um prejuízo de cerca de US $ 3 bilhões ao Estado mexicano em 2017. As autoridades registraram, naquele ano, mais de 10.000 perfurações para roubo de gasolina nos oleodutos da Pemex. Algumas gangues e famílias de renda modesta roubam petróleo para revenda no mercado paralelo, especialmente no estado de Puebla (centro), onde o fenômeno é conhecido como "Huachicol".

Roubo de combustível virou costume

Em torno desta prática ilegal desenvolveu-se uma cultura local com canções populares e figuras religiosas carregando uma lata e uma mangueira de plástico para aspirar o combustível. Em algumas áreas, os postos de gasolina distribuem o produto roubado.

Nas últimas duas semanas, o governo fechou vários oleodutos para impedir esses roubos. Mas essa estratégia provocou escassez de combustível em uma dezena de estados do país, incluindo a capital, onde os motoristas passaram a fazer longas filas nos postos de gasolina. O banco mexicano Citibanamex estimou os custos dessa escassez para a economia mexicana em cerca de US$ 2 bilhões, "se as condições voltarem ao normal nos próximos dias".

André Manuel Lopez Obrador, que assumiu o cargo em 1º de dezembro, pediu aos mexicanos que sejam pacientes com essa situação caótica. Com esse novo incêndio em Tlahuelilpan, várias pessoas culparam a escassez de gasolina pela tragédia.

Segundo as autoridades, os criminosos contam com a cumplicidade de funcionários da Pemex. Lopez Obrador disse na semana passada que o ex-chefe de segurança da empresa estava atualmente sob investigação por roubo de combustível.

Com informações da AFP