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Congressistas do PSL em visita à China cobram apoio do Executivo após polêmica

15.jan.2018 - Parlamentares do PSL fazem escala durante viagem à China - Acervo pessoal/Reprodução
15.jan.2018 - Parlamentares do PSL fazem escala durante viagem à China Imagem: Acervo pessoal/Reprodução

Nathália Watkins

20/01/2019 13h17

Três dias depois de terem sido duramente criticados pelo filósofo Olavo de Carvalho, os 12 parlamentares brasileiros que visitam a China –a maioria do PSL–, continuam sofrendo ameaças virtuais e cobram apoio explícito por parte do governo do presidente Jair Bolsonaro.

A viagem, feita a convite da embaixada da China no Brasil, tinha como objetivo apresentar oportunidades de intercâmbio comercial nas áreas de tecnologia, comunicação, infraestrutura e agronegócio, mas foi ofuscada por divisões partidárias, críticas e ameaças a integrantes do grupo.

"Estamos sofrendo fogo amigo, nem a esquerda está nos atacando tanto", diz o empresário Vinicius de Carvalho Aquino, assessor do deputado federal eleito Alexandre Frota e organizador da viagem. Na quinta-feira (17), Carvalho acusou os políticos de serem "analfabetos funcionais" e "caipiras" por "entregarem o Brasil à China".

Segundo Carvalho, o propósito da visita é conhecer a tecnologia de reconhecimento facial chinesa e importá-la para o Brasil, o que deixaria os brasileiros vulneráveis à espionagem.

A deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP) é o principal alvo das críticas. Próxima do professor Olavo, como é chamado por seus seguidores, Zambelli diz que não pretende processar o filósofo, mas não escondeu o trauma com os ataques sofridos nos últimos dias. "Já fui atacada muitas vezes, estou acostumada. Mas desta vez não tenho qualquer culpa", disse Zambelli.

A deputada eleita por São Paulo lamentou que os brasileiros tenham sido vítimas do "efeito manada" ao adotarem automaticamente a perspectiva exposta por Olavo de Carvalho, sem considerar a relevância econômica da China. "Viemos buscar soluções para o Brasil e conhecer as oportunidades", resumiu.

Relação com o Partido Comunista

Ao contrário do que esperava, o encontro com oficiais do Partido Comunista não foi marcado por tensões. "Fomos mais bem recebidos por eles do que pela embaixada brasileira. Nos trataram muito bem, mostraram que respeitam o Brasil como potência e que querem investir mais", disse Zambelli.

Tanto o presidente Jair Bolsonaro quanto o chanceler Ernesto Araújo evitaram comentar a visita. Durante a campanha, Bolsonaro afirmou que a China tentava dominar importantes setores da economia brasileira –o que preocupa investidores chineses, que esperam sinais de pragmatismo.

A agenda do grupo inclui palestras sobre relações comerciais com a América Latina e visitas técnicas a empresas como a Huawei, a Corporação Nacional de Cereais, Óleos e Alimentos da China (COFCO), além de visitas a projetos de segurança pública e infraestrutura.

A delegação formada pelos deputados eleitos Daniel Silveira, Tio Trutis, Felício Laterça, Bibo Nunes, Charlles Evangelista, Marcelo Freitas, Sargento Gurgel, Aline Sleutjes e Carla Zambelli, a senadora eleita Soraya Thronicke, todos do PSL, além da deputada estadual Delegada Sheila (PSL-MG), e de Luís Miranda, do DEM, chegou na quarta-feira (16) e deixa o país na quinta-feira (25).