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"11 de setembro e crise financeira contribuíram para fim do Airbus A380", diz especialista

14/02/2019 15h11

A Airbus anunciou nesta quinta-feira (14) o fim da produção do A380, um símbolo da empresa que terá as entregas concluídas em 2021. O motivo é a quantidade insuficiente de encomendas e o cancelamento de um pedido de 39 exemplares do A380 pela companhia Emirates. Para o expert no setor, Yann Cochennec, editor da revista Air et Cosmos, especializada no setor aeronáutico, o fim do "monstro" da Airbus também pode ser creditado aos atentados às Torres Gêmeas em NY, de 2001, e à crise financeira que afetou esta década.

A Airbus anunciou nesta quinta-feira (14) o fim da produção do A380, um símbolo da empresa que terá as entregas concluídas em 2021. O motivo é a quantidade insuficiente de encomendas e o cancelamento de um pedido de 39 exemplares do A380 pela companhia Emirates. Para o expert no setor, Yann Cochennec, editor da revista Air et Cosmos, especializada no setor aeronáutico, o fim do "monstro" da Airbus também pode ser creditado aos atentados às Torres Gêmeas em NY, de 2001, e à crise financeira que afetou esta década.

A decisão coloca um ponto final em uma das maiores aventuras industriais europeias e é resultado de um número insuficiente de encomendas feitas por companhias aéreas estrangeiras. O A380 tem 544 lugares e autonomia para 15.200 km sem escalas, mas consome mais combustível do que a média.

Para Yann Cochennec, editor da revista Air et Cosmos, o avião era “um dos emblemas da Airbus, a prova concreta de que o construtor europeu poderia fazer face a seu concorrente norte-americano, a Boeing. Airbus estava, inclusive, em condições melhores, com recursos humanos e tecnológicos em termos de inovação para produzir um avião ainda melhor que o 747”.

Para piorar a situação, o anúncio do fim do A380, nesta quinta-feira (14) coincide com o mês em que se celebra o cinquentenário do Boeing 747. “É uma coincidência difícil para a Airbus. Boeing deverá provocar o concorrente lembrando que o 747 continua em produção, e ainda durante alguns anos", diz Cochennec, em entrevista à RFI.

“É um avião que responde ao crescimento do tráfego aéreo, era importante para uma companhia como British Airways, por exemplo, poder dispor de um grande avião, ao invés de dois. Os aeroportos estão lotados, diminuir este tráfego era essencial”, afirma o jornalista.

Demanda do setor

Segundo Cochennec, "houve um trabalho de Airbus junto a seus clientes potenciais, não foi uma aeronave que surgiu do nada, mas de demandas de clientes como Singapore Airlines, Thai Airways, e algumas companhias chinesas também, mas não em número suficiente para compensar o que era esperado no início junto a companhias norte-americanas ou japonesas". Para ele, "com o advento do 11 de setembro e a crise financeira, houve toda uma reestruturação da rede de serviços aéreos mundial, a as companhias começaram a desejar aviões menores”.

Segundo o presidente do grupo Airbus, Tom Enders, "a consequência desta decisão é que os pedidos são insuficientes para permitir que prossigamos com a produção do A380”, declarou o CEO em um comunicado. "Isto encerrará as entregas do A380 em 2021", completou. A Emirates substituiu o pedido por outro de 40 exemplares de modelos A330neo e 30 A350.

A Airbus não comunica o valor do pedido após a entrada em vigor da nova regra contábil IFRES15. Além disso, este não é um pedido firme e sim uma compensação. A empresa também não revela as versões da aeronave. A empresa aeronáutica informou que "conversará com os sócios nas próximas semana sobre os 3.000 a 3.500 postos de trabalho que podem ser afetados por esta decisão nos próximos três anos".

A Airbus indicou que "o atual aumento do ritmo de produção do A320 e o novo pedido de jumbos da Emirates oferecerão muitas possibilidades de mobilidade interna". A decisão era esperada, pois o futuro do A380 estava ligado à decisão, no ano passado, da companhia aérea do Golfo de adquirir 36 exemplares adicionais do A380 o que dava à Airbus "visibilidade, pelo menos, para os próximos 10 anos", afirmou na ocasião Tom Enders.

A companhia também anunciou nesta quinta-feira um lucro líquido em 2018 de € 3,054 bilhões, uma alta de 29%, e um faturamento de € 63,707 bilhões. A Airbus prevê a entrega em 2019 de 880 a 890 aviões comerciais, segundo um comunicado. A empresa aeronáutica europeia revelou ainda uma reserva de € 436 milhões relacionados ao programa do avião de transporte militar A400M.