Alain Ducasse lança festival gastronômico internacional focado na alimentação sustentável
Com banquetes festivos, eventos em restaurantes e distribuição de refeições para pessoas carentes, a França realizará entre os dias 21 e 24 de março a 5ª edição do festival de gastronomia Goût de France. A culinária mediterrânea da região da Provence (Provença), no sudeste, à base de legumes, ervas aromáticas, azeite de oliva e vinho rosé, vai inspirar chefes de cozinha de 150 países, dos cinco continentes, inscritos para o evento.
Com banquetes festivos, eventos em restaurantes e distribuição de refeições para pessoas carentes, a França realizará entre os dias 21 e 24 de março a ...O governo francês escolheu ninguém menos do que o chef Alain Ducasse – três vezes laureado com três estrelas no Guia Michelin e um dos mais bem-sucedidos no mundo – para definir as diretrizes do festival gastronômico.
Este ano, Ducasse assina um guia com orientações claras e detalhadas para a adoção de uma alimentação sustentável e responsável, baseada em produtos locais e respeitosos da biodiversidade. Ele falou sobre essa necessidade no coquetel de lançamento do Goût de France 2019, realizado quinta-feira (21) na sede do Ministério das Relações Exteriores, em Paris.
Nos próximos anos, a alimentação terá um papel essencial para a preservação das espécies e do planeta. O guia, escrito em parceria com cozinheiros, produtores e especialistas, será publicado no dia 15 de março e poderá ser consultado online.
insistiu o chef, que tem um restaurante gastronômico no luxuoso hotel parisiense Plaza Athenée, com um cardápio à base de cereais, vegetais e pesca sustentáveis.
enfatizou.
O chef brasileiro Marco Soares, do restaurante Magna, em Goiânia, declara no Guia Michelin que dá muita atenção à escolha da matéria-prima e à origem dos produtos que leva para sua cozinha. Ele busca apoiar produtores locais e, assim, reduzir o impacto de sua atividade no meio ambiente.
Ducasse e a carne
Apesar de defender uma gastronomia sustentável, Ducasse não abre mão da carne. O produto, apontado como um vilão por veganos e ambientalistas, devido à grande quantidade de cereais e água consumidos pelo gado e o desmatamento promovido pela pecuária extensiva, continua tendo lugar na mesa do chef francês.
"O importante é saber como a carne é produzida, se o animal não foi tratado com hormônios. Eu não sou contra a carne. O consumidor precisa comer de maneira consciente, uma carne de melhor qualidade, menos quantidade e menos vezes por semana. Tem muita produção, é preciso diminuir", opinou.
Peixes pequenos são mais saudáveis
Alexandra Cousteau, neta de Jacques Cousteau, o grande explorador dos oceanos morto em 1997, alertou sobre as montanhas de plástico jogadas diariamente nos oceanos, os excessos da pesca predatória e os maus hábitos no consumo de peixes.
"Nos países ricos, as pessoas comem 15 espécies de peixes, sempre os mesmos - atum e salmão, por exemplo -, quando existem outras cem espécies menos nocivas para a saúde, deliciosas e abundantes nos oceanos", argumentou. Segundo Alexandra, peixes menores, como a sardinha, são extremamente nutritivos e acumulam menos mercúrio, partículas de plástico e outras substâncias tóxicas em razão do próprio tamanho e de um ciclo de vida mais curto.
Gastronomia: soft power francês
O festival Goût de France é um sucesso planetário, um instrumento de "soft power" francês que a cada ano dá provas de agradar às mais diversas culturas. Desde 2015, mais de 3.500 restaurantes, 3.000 chefes de cozinha, em 152 países e nos cinco continentes, homenagearam a excelência da culinária francesa.
, disse o ministro das Relações Exteriores, Jean Yves Le Drian.
O chanceler, que é bretão (oeste), destacou o quanto é importante para os franceses esse momento de convívio em torno de uma refeição. "A gastronomia francesa é uma filosofia de compartilhar o alimento e de forma solidária, um valor indissociável da nossa cultura", explicou. Por isso, este ano, o Goût de France fará algumas manifestações voltadas para pessoas carentes.
Para dar uma ideia do poder de sedução que a arte culinária francesa exerce no exterior, Le Drian recordou que a França ficou com o título de primeiro destino turístico no mundo em 2018. O país recebeu cerca de 80 milhões de turistas estrangeiros, e um terço deles afirmou que veio pela gastronomia e pelos vinhos. O desafio é trazer 100 milhões de visitantes estrangeiros em 2020 e diversificar ao máximo a atratividade das regiões.
Cozinha mediterrânea para pessoas carentes
Em Hong Kong, pela primeira vez, refeições serão distribuídas gratuitamente para trabalhadores que não conhecem a cozinha francesa. Também haverá distribuição de pratos inspirados na culinária francesa em refeitórios de bairros pobres de Caracas, no momento em que o país atravessa uma grave crise humanitária e a população passa fome por falta de alimentos nas prateleiras.
Os refugiados de Hamburgo, na Alemanha, serão convidados a preparar um grande banquete com sabor do sul da França. Em Chicago, o consulado francês vai promover um jantar beneficente, cuja receita será revertida para uma associação que promove uma alimentação saudável para todos, como parte de um projeto educativo.
A lista de restaurantes que vão participar da iniciativa em todos os países envolvidos será publicada no dia 6 de março, no site www.goutdefrance.com. Na França, um dos principais eventos do festival será um banquete popular, no dia 21 de março, oferecido no Museu do Quai Branly, em Paris.
Marselha, cidade que é a capital da Provença, terá uma programação gastronômica intensa. A região não é apenas conhecida pelos belíssimos campos de lavanda e de girassóis, mas também pela sua rica gastronomia, suas várias feirinhas com produtos típicos e a deliciosa atmosfera contagiante do interior francês.
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