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Com queda na participação, "coletes amarelos" continuam a protestar na França

23/02/2019 14h02

Os "coletes amarelos" organizaram neste sábado (23) a 15ª manifestação desde o começo do movimento na França. Em Paris, a marcha na avenida Champs-Elysées reuniu 4.000 pessoas. Em todo o país, eles eram mais de 11.000, segundo dados do ministério do Interior. Alguns aproveitaram o clima ensolarado para organizar um piquenique.

Os “coletes amarelos” organizaram neste sábado (23) a 15ª manifestação desde o começo do movimento na França.

O movimento não está enfraquecido e acho que ele vai durar”, disse Jérémy Desbois, operário de 22 anos, que estava na manifestação parisiense. Entretanto, a queda na participação fica clara se os dados desse fim de semana forem comparados aos do dia 17 de novembro, quando 282.000 “coletes amarelos” saíram às ruas da França.

Em geral, os protestos ocorreram sem grandes confrontos; 14 pessoas foram detidas em Paris e 15 em Clermont-Ferrand. Uma operação policial “excepcional” foi preparada para a ocasião.

Na cidade de Rennes, onde o prefeito proibiu toda manifestação perto do centro, os manifestantes foram dispersados pela polícia com balas de borracha e gás lacrimogêneo. Seis “coletes amarelos” ficaram feridos na perna, segundo as equipes médicas.

Em Bordeaux, cidade de forte mobilização, 4.000 “coletes amarelos” protestaram de forma calma. Em Marselha, no sul, 1000 pessoas marcharam e nenhum incidente foi registrado, segundo a polícia.

Batata frita e pizza

Em mais um exemplo de mobilização extremamente diferente dos violentos protestos vistos no fim de 2018, cerca de 1000 “coletes amarelos” se reuniram na cidade de Chambord, perto do castelo de François I, para um piquenique gigante com batata frita e pizzas. No começo da manhã, dezenas de barraquinhas foram instaladas sobre a grama.

O evento contou com Priscillia Ludovsky, um dos rostos dos “coletes amarelos”, que chegou por volta de 12h e tirou fotos com os manifestantes. “Eu devia ir a Bruxelas, mas preferi vir a Chambord, achei mais legal”, disse Ludovsky, ressaltando que seria preciso uma melhor organização do movimento no futuro.

Vários manifestantes de Chambord vestiram coletes brancos e estavam prontos para denunciar possíveis incidentes à polícia. Entre os presentes neste sábado estava Charles-Emmanuel de Bourbon-Parme, um dos pretendentes ao trono da França, que afirma ser “colete amarelo” desde o início.

“Nem de esquerda, nem de direita, essas pessoas são como todos os franceses que querem viver de seu trabalho”, afirmou Charles-Emmanuel. “Os franceses não aguentam mais, eles vivem um inferno fiscal.”

Macron defende união no bloco europeu

Enquanto os protestos ocorriam, o presidente francês Emmanuel Macron fez um discurso neste sábado durante o Salão da Agricultura, afirmando que era preciso ter unidade no seio da União Europeia. “Se fiz a escolha de falar hoje, faltando algumas semanas para as eleições europeias e no momento do debate sobre a nova Política Agrícola Comum (PAC) em Bruxelas, é para exaltar a unidade e a mobilização”, disse o chefe de Estado. 

“Lutamos juntos esse combate e vim aqui dizer aos agricultores, aos dirigentes e aos povos europeus que a Europa agrícola é um bem precioso que devemos proteger a todo preço. Sem a PAC, desejada pelos fundadores [da União Europeia], os consumidores europeus não teriam uma alimentação acessível e de qualidade”, ressaltou o presidente.