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Papa compara pedofilia ao "sacrifício de humanos" e quer "batalha total" contra o crime

24/02/2019 09h00

Um discurso do papa Francisco encerrou neste domingo (24) no Vaticano a histórica cúpula sobre a pedofilia na igreja católica. Em sua fala, o sumo pontífice comparou os abusos contra menores ao "sacrifício de seres humanos" em ritos pagãos. Francisco pediu uma "batalha total" contra esse crime que ele chamou de "abominável".

Um discurso do papa Francisco encerrou neste domingo (24) no Vaticano a histórica cúpula sobre a pedofilia na igreja católica.

Durante o longo discurso diante dos líderes das 114 conferências episcopais de todo o mundo, secretários de congregações, bispos e cardeais, o papa reiterou que a Igreja se compromete a combater este fenômeno com "a máxima seriedade".

"Gostaria de reafirmar com clareza que se na Igreja for descoberto um só caso de abuso - que em si mesmo já representa uma monstruosidade -, este caso será enfrentado com a máxima seriedade." Francisco chegou a dizer que os religiosos que abusam de menores são “um instrumento do diabo”. A pedofilia “deve ser varrida da face da terra”!

Anúncio de medidas concretas

O sumo pontífice prometeu que a igreja católica não vai mais recuar para levar diante da Justiça os autores desses crimes. A definição jurídica de maioridade na igreja vai ser revista. Atualmente, são considerados menores os jovens com menos de 14 anos e, para melhor protege-los, essa idade será aumentada, prometeu Francisco. As diretrizes usadas pelas conferências episcopais nacionais para prevenir os abusos e punir os responsáveis serão revistas e reforçadas.

O papa citou estatísticas a nível mundial e garantiu que a igreja católica se compromete a aplicar as estratégias das organizações internacionais, incluindo a ONU e a Organização Mundial da Saúde, para erradicar a pedofilia. Ele lembrou ainda que não se pode compreender o fenômeno sem levar em consideração o “abuso de poder” nas relações.

Igreja católica é sua “própria inimiga”

Antes do discurso do sumo pontífice, o arcebispo de Brisbane, Mark Coleridge, declarou que a igreja católica se transformou em sua “própria e pior inimiga” por ter dissimulado os abusos sexuais cometidos por religiosos. Ela também é culpada por não ter silenciado as vítimas. “Não ficaremos impunes” lançou o australiano durante a missa que encerrou os quatro dias da reunião na Sala Regia do Vaticano.

A cúpula contra a pedofilia foi convocada pelo papa para tentar superar a grave crise que arranha a credibilidade da igreja católica. O encontro foi marcado por testemunhos de vítimas de abusos sexuais e por duras críticas contra a responsabilidade da hierarquia da igreja que protegeu os religiosos envolvidos nos escândalos. No sábado (23), uma freira condenou a “hipocrisia da igreja” e o cardeal alemão Reinhard Marx admitiu que arquivos sobre os autores de abusos sexuais foram destruídos. A questão do celibatodos padres não foi abordada.