Após criação de "super bebês", China quer proibir manipulações genéticas
A China está preparando sanções contra cientistas que realizarem manipulações genéticas no país. O projeto foi lançado após o nascimento, no final de 2018, de dois bebês geneticamente modificados, cujas habilidades mentais poderiam, em teoria, ser superiores à média, segundo um estudo.
A China está preparando sanções contra cientistas que realizarem manipulações genéticas no país.O geneticista chinês He Jiankui gerou polêmica em novembro de 2018 ao anunciar que havia conseguido alterar o DNA de duas recém-nascidas para torná-las resistentes ao vírus da Aids. Como resposta, uma nova lei publicada na terça-feira (26) prevê classificar como de "alto risco" as manipulações genéticas, com multas de até 100.000 iuanes (cerca de R$ 55 mil).
Um cientista que tiver "rendimentos ilícitos" como resultado de pesquisas não autorizadas também receberá uma pena de entre 10 e 20 vezes o rendimento em questão. Ele enfrentará uma suspensão definitiva "se as circunstâncias forem graves".
As modificações realizadas em embriões com fins reprodutivos são ilegais em muitos países, mas a China não contava com uma lei neste campo. Uma breve regulamentação do Ministério da Saúde, que data de 2003, proíbe a manipulação genética de embriões, mas não prevê nenhuma pena para os infratores.
Após o anúncio do nascimento das gêmeas geneticamente modificadas, Pequim sancionou o professor He, que é alvo de uma investigação policial. Suas pesquisas foram suspensas.
Os investigadores afirmaram no mês passado que o cientista, baseado em Shenzhen (sul), "buscava a fama" e havia utilizado seus "próprios fundos" para realizar seu projeto. “Ele falsificou documentos de verificação ética" e "evitou deliberadamente qualquer supervisão", segundo a mesma fonte.
Supercérebro?
Os projetos do geneticista chinês consistiram em eliminar no embrião um gene chamado CCR5. Segundo um estudo realizado nos Estados Unidos, o desaparecimento deste gene poderia ter dado às duas gêmeas um "supercérebro".
"Alguns aspectos das funções cognitivas, incluindo a memória de longo prazo, podem ter sido reforçados pela mutação do CCR5 nas gêmeas", declarou o neurobiólogo Alcino Silva, que dirigiu o estudo na Universidade da Califórnia, em Los Angeles.
A equipe do professor Silva descobriu em 2016 que o gene estava relacionado com a memória e o aprendizado em ratos.
Seu novo estudo, publicado na semana passada na revista Cell, mostra também que as pessoas nas quais o gene CCR5 está naturalmente ausente se recuperam mais rapidamente de um derrame cerebral.
(Com informações da AFP)
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