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"Qualquer um é melhor que Bolsonaro", diz José de Abreu, que se "autoproclamou" presidente do Brasil no Twitter

27/02/2019 23h00

Tudo começou como uma brincadeira, na noite desta terça-feira (26). O ator José de Abreu, famoso por seus personagens marcantes nas novelas da Globo e em vários filmes brasileiros, se "autoproclamou" presidente do Brasil em seu Twitter. Em menos de 24 horas, a hashtag #JosédeAbreuPresidentedoBrasil se tornou número 1 dos trendind topics mundiais, e do Brasil. Uma façanha que o ator só descobriu no dia seguinte, acordado por um jornalista que desejava entrevistá-lo. A seguir, a primeira entrevista internacional do "presidente autoproclamado do Brasil", o ator José de Abreu, direto de Atenas, onde reside atualmente.

Tudo começou como uma brincadeira, na noite desta terça-feira (26). O ator José de Abreu, famoso por seus personagens marcantes nas novelas da Globo e em vários filmes brasileiros, se “autoproclamou” presidente do Brasil em seu Twitter. Em menos de 24 horas, a hashtag #JosédeAbreuPresidentedoBrasil se tornou número 1 dos trendind topics mundiais, e do Brasil. Uma façanha que o ator só descobriu no dia seguinte, acordado por um jornalista que desejava entrevistá-lo. A seguir, a primeira entrevista internacional do “presidente autoproclamado do Brasil”, o ator José de Abreu, direto de Atenas, onde reside atualmente.

Para ouvir a entrevista na íntegra, clique na imagem de José de Abreu, acima:

Aos 72 anos, o ator José de Abreu considera que “atingiu a perfeição”, para um “geminiano com ascendente em Peixes”. “Moro num Airbnb em Atenas, onde tenho amigos”, diz ele, em tom brincalhão. O ator começa a gravar sua quinta novela das 21h consecutiva na Rede Globo, no Brasil, em março, mas dessa vez o “presidente autoproclamado” deve ter uma recepção especial no Galeão: “tive notícias de pessoas que devem fazer algo na minha chegada”.

Não é para menos. Na noite de terça-feira (26), após uma troca animada de mensagens no Twitter, o ator decidiu se “autoproclamar presidente do Brasil”. “Quando vi o [Juan] Guaidó se autoproclamando na Venezuela, essa coisa insólita, porque só se via isso em ditadores das décadas de 1950, 1960, tive essa ideia. Naquela máquina de posts do Twitter, alguém sugeriu algo e eu decidi soltar a minha autoproclamação, para ver o que dava. Dentro da brincadeira, já comecei a nomear alguns ministros e acordei no dia seguinte com o telefonema de um jornalista, sem saber ainda a dimensão que a coisa tinha tomado”, lembra.

Crítico ferrenho do presidente brasileiro Jair Bolsonaro, José de Abreu é conhecido por não ter papas na língua, seja nas redes sociais, seja na vida real. “Os franceses chamam os atores de ‘comediantes’, não se usa tanto a palavra ‘ator’. Acho que está implícito na trajetória do ator esse papel de ‘comediante’. A ironia, a comédia e o humor fazem parte da minha vida e da minha carreira há 50 anos”, afirma.

Brincadeira ganhou apoio de peso

A brincadeira do ator acaba de ganhar um apoio de peso: nesta quarta-feira (27), o ex-presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, divulgou através de suas redes sociais que não só apoiava a “autoproclamação” de José de Abreu, como seria seu “cabo eleitoral”. Um bilhete escrito à mão pelo próprio Lula, que se encontra preso na sede da Polícia Federal de Curitiba, viralizou na internet: “José de Abreu tem cara de presidente”, diz uma das frases de Lula no pedaço de papel. “Fiquei super emocionado. Tenho que escrever uma carta para ele. Volto para o Brasil no dia 8 de março, e vou tentar visitá-lo. Se não der, vou mandar uma carta”, diz o ator. “Outro apoio que recebi que gostei muito foi o do [Guilherme] Boulos”, declarou.

Mas nem só de apoio vive o atual “mandato” do veterano de telenovelas e do cinema brasileiro. “Tem pessoas demais me atacando. Ficaram possessos. O Alexandre Frota chegou a ir falar na Câmara [dos Deputados] contra mim e reconheceu a minha Presidência, porque ele falou como se fosse o chefe da oposição”, diverte-se José de Abreu. “Ele colocou nos anais do Congresso Nacional, sem duplo sentido, a minha autoproclamação como presidente. Eles não são muito inteligentes, a inteligência não é o forte dessa gente. Isso promove ainda mais a minha ‘Presidência’”, afirma.

Mas é chegando no Brasil que José de Abreu decidirá o futuro de sua Presidência autoproclamada. “Vou ter que ver o que faço com isso. Criei um personagem, mas ele ainda não está pronto. Ainda não sei muito bem quais são as suas falas, o que esse presidente vai dizer, que roupa esse presidente vai usar, ainda tenho que criar o personagem”, diz José de Abreu, que já encarnou figurões da política brasileira na TV e no cinema, como o ex-presidente brasileiro Juscelino Kubitschek e Carlos Lacerda.

“Estou marcando algumas conversas com pessoas em quem confio no Brasil, para a gente ver que rumo dar a essa coisa. Vamos continuar com essa comédia? Vamos fazer um governo paralelo?”, diz o ator. “O fato é que o apoio a essa autoproclamação é imenso, e cada vez cresce mais”, diz.

Uma candidatura de verdade no futuro?

“Não, isso nunca me ocorreu!”, diz um José de Abreu taxativo. “Já me pediram para ser deputado a candidato federal, eu conversei com o Lula e alguns amigos políticos e todos me tiraram isso da cabeça. Lula disse que eu ia ser baixo clero, que lá eu não seria ator, que no começo todo mundo ia me pedir para tirar fotografia e depois ia ficar lá no fundo do plenário”, revelou. “Lula me disse que eu seria muito mais útil como ator da Globo”, diz.

“Obviamente, não tenho a menor pretensão de ser presidente da República, agora se o cavalo passar encilhado, como se diz na política, eu encaro. Não tenho a menor dúvida. Qualquer um é melhor que Bolsonaro. O Brasil entrou em uma fase tristíssima da mediocridade, da ignorância orgulhosa. Parece que o Bolsonaro escolheu gente pior que ele para os ministérios para poder conversar com essas pessoas. A impressão que se tem é que são um bando de analfabetos, loucos, o que é essa Damares (…) que encontrou Jesus na goiabeira, o que é isso?”, questiona o “presidente autoproclamado”, em referência à ministra Damares Alves, da pasta dos Direitos Humanos, da Mulher e da Família do governo de Jair Bolsonaro.