Nicarágua assiste à retomada do diálogo entre governo e oposição
Oito meses após o fracasso das negociações iniciais, o diálogo foi retomado na quarta-feira (27) entre o governo de Daniel Ortega e a Aliança Cívica para a Justiça e Democracia, na presença do Arcebispo de Manágua e do Núncio Apostólico, convidados como observadores.
Oito meses após o fracasso das negociações iniciais, o diálogo foi retomado na quarta-feira (27) entre o governo de Daniel Ortega e a Aliança Cívica para a Justiça e Democracia, na presença do Arcebispo de Manágua e do Núncio Apostólico, convidados como observadores.
Patrick John Buffe, correspondente da RFI na Nicarágua
Uma primeira reunião entre governo e oposição foi realizada a portas fechadas na quarta-feira para tentar encontrar uma solução para a crise social e política que, desde abril de 2018, deixou 350 mortos, mais de 700 manifestantes presos e milhares de exilados.
Durante o encontro, o objetivo de funcionários do governo e da Aliança Cívica foi definir uma pauta que estabeleça os termos dessas novas negociações, consideradas como uma “última chance” de paz. No entanto, o presidente Ortega não compareceu pessoalmente ao reatamento do diálogo, mesmo tendo sido convocado.
Libertação de presos políticos
Pouco antes do início do encontro, o governo da Nicarágua libertou dezenas de presos políticos. Assim, Ortega parecia responder, em parte, às demandas da oposição, para quem a liberação dessas pessoas era uma pré-condição antes da retomada das negociações. Um gesto de boa vontade?
Alguns argumentam que, ao relançar as negociações, o presidente está tentando ganhar tempo, tendo em vista que está ainda mais isolado em nível internacional e que a economia da Nicarágua se encontra em queda livre.
Mas não está claro como Ortega, que demonstra muito apego ao poder, poderia aceitar as condições impostas pela oposição, ou seja, a libertação de todos os presos políticos, o fim da repressão e, especialmente, a organização de eleições antecipadas.
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