Topo

Street artist brasileira pinta obra em homenagem a Marielle Franco em Amsterdã

08/03/2019 17h23

"Um ano sem respostas" é a mensagem que a street artist carioca Panmela Castro gravou na fachada do Museu Stedelijk, em Amsterdã, na Holanda. A obra, realizada durante o Dia Internacional da Mulher, lembra o aniversário de um ano do assassinato da vereadora Marielle Franco, em 14 de março de 2018.

“Um ano sem respostas” é a mensagem que a street artist carioca Panmela Castro gravou na fachada do Museu Stedelijk, em Amsterdã, na Holanda.

Daniella Franco, enviada especial à Amsterdã

“Meu objetivo com essa obra era falar das investigações sobre a morte de Marielle Franco. Estamos comemorando o 8 de Março, mas também pedindo respostas sobre uma mulher que é muito importante no Brasil, que defendeu nossos direitos e lutou pela nossa liberdade”, afirma Panmela Castro.

O graffiti, realizado sobre a fachada de vidro do Museu Stedelijk, exibe duas personagens femininas, unidas pelos olhos e pelos cabelos, dentro do conceito de “sororidade”, criado pela professora e feminista brasileira Vilma Piedade, que significa a união das mulheres, através da dor e do sofrimento mútuo com o machismo e o racismo.

“Quando eu desenho essas duas mulheres eu também estou falando de Marielle. Ela dava voz a todas essas brasileiras que estão em suas comunidades, nos seus bairros e que, muitas vezes, não podem ocupar espaços de decisão e de poder. Mas Marielle estava lá nos defendendo. Hoje a gente sente falta dessa pessoa que vivia, até então, lutando por nós”, salienta.

A arte como combate à violência

A street artist carioca é a fundadora da Rede Nami, uma ONG que milita pelo fim da violência contra a mulher e fomenta o protagonismo feminino nas artes. “Quem não quer apertar uma lata de spray? Então eu uso essa ferramenta e essa metodologia para atrair as mulheres. Quando elas chegam, a gente pinta e faz grafitti sim. Porém, antes, a gente fala sobre os nossos direitos.”

Lutar pelos direitos faz parte do cotidiano de Panmela Castro não apenas como mulher, mas como artista. “Nascer mulher nesse mundo é um ato político. São tantas barreiras a serem enfrentadas que muitas de nós não conseguimos identificar sempre que somos vítimas de machismo e preconceito. Por exemplo, no grafitti, quando eu comecei, muitas pessoas achavam que mulher só era capaz de pintar florzinhas ou eram as namoradas dos grafiteiros.”

Para a street artista carioca, as mulheres merecem “os melhores muros” do mundo. “Eu sempre gritei bem alto e falei que queria o melhor muro para mim. E hoje estou aqui na Europa, pintando no Museu Stedelijk, mostrando para todos que nós, mulheres, merecemos sim ocupar os melhores espaços e os espaços de poder”, salienta.

A intervenção de Panmela Castro no Museu Stedelijk faz parte da programação do festival feminista holandês Mama Cash. A obra pode ser visitada até o dia 18 de março.