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Em meio ao caos do apagão, Guaidó faz apelo por manifestações na Venezuela

11/03/2019 17h47

O líder da oposição na Venezuela, Juan Guaidó, fez um apelo nesta segunda-feira (11) para que "toda a população" do país se manifeste na terça-feira (12) a partir das 15h contra o apagão que começou na semana passada. "Amanhã, todos nas ruas!", disse o autoproclamado presidente interino.

O líder da oposição na Venezuela, Juan Guaidó, fez um apelo nesta segunda-feira (11) para que “toda a população” do país se manifeste na ...

A situação na Venezuela não é normal e não vamos deixar que essa tragédia seja vista como banal”, ressaltou Guaidó. Ele citou as diversas dificuldades enfrentadas pelos venezuelanos, como a falta de água. Guaidó também pediu a seus “embaixadores” (que ele mesmo nomeou) que coordenem o apoio internacional na Venezuela.

O presidente Nicolás Maduro afirma que a pane elétrica é fruto de um ataque cibernético dos EUA contra a principal central hidroelétrica venezuelana. A explicação foi qualificada de “cenário hollywoodiano” por Guaidó, que denunciou a corrupção dos serviços de Estado encarregados da eletricidade.

Apagão continua

Enquanto os dois líderes políticos continuam a disputar o poder no país, a crise da eletricidade continua. Nesta segunda-feira, uma instalação elétrica explodiu em Caracas por razões desconhecidas. No domingo (10), lojas foram saqueadas – governo anunciou a distribuição de alimentos nos bairros mais pobres.

Os EUA decidiram sancionar o banco russo Evrofinance Mosnarbank, nesta segunda-feira, por seu apoio ao governo de Maduro. Os bens da instituição ou pertencentes a americanos foram congelados e os cidadãos do país estão proibidos de fazer transações com o banco.

Os geradores de energia dos hospitais se concentram nas salas de emergência. Segundo a ONG Codevida, 15 doentes renais morreram por falta de tratamento, enquanto Guaidó afirma que outros 17 morreram em outros centros médicos. Até o momento, o governo sustenta que não há falecidos.

Muitas lojas estão fechadas e há poucas mercadorias disponíveis. Há meses os venezuelanos sofrem pela falta de moeda corrente e até uma pequena compra é feita através de transferência eletrônica. Por conta do apagão, não há como fazer qualquer transação comercial.

Muitos comerciantes estão vendendo água, carne, gasolina e até gelo em dólares. Com um êxodo de 2,7 milhões de venezuelanos desde 2015 segundo a ONU, a falta de comunicação com parentes no exterior também é angustiante. Ao cair da noite, com as ruas às escuras, surge o terror por conta da delinquência num país com altos índices de violência.

Há pouco transporte e longas filas se formam nos postos de combustível por conta do medo desabastecimento, já que as bombas dependem da luz para funcionar. No aeroporto internacional de Maiquetía também há caos. As autoridades registram manualmente a entrada e saída de passageiros.

Estado de emergência

Juan Guaidó pediu que o Parlamento vote pela instauração do estado de emergência para facilitar a entrada de ajuda humanitária no país. “Devemos nos encarregar dessa catástrofe agora”, declarou o opositor de Nicolás Maduro, reconhecido por cerca de 50 países.

O ministro da Defesa, Vladimir Padrino López, pediu calma e explicou que “a paciência é a arma que vai nos dar a vitória”. Segundo ele, as Forças Armadas tomaram estações e subestações de energia elétrica em todo o país para evitar "novas ações" contra a Venezuela.