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Em manifesto, atirador da Nova Zelândia diz que derrota de Marine Le Pen motivou ataque

15/03/2019 10h34

Poucas horas antes do ataque a duas mesquitas da cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, nesta sexta-feira (15), o jovem atirador, um extremista de direita, publicou um manifesto no Twitter. No texto, ele explica que a derrota da representante da extrema direita francesa, Marine Le Pen, às eleições presidenciais de 2017, foi um dos elementos essenciais para sua radicalização.

Poucas horas antes do ataque a duas mesquitas da cidade de Christchurch, na Nova Zelândia, nesta sexta-feira (15), o jovem atirador, um extremista de direita, publicou um manifesto no Twitter. No texto, ele explica que a derrota da representante da extrema direita francesa, Marine Le Pen, às eleições presidenciais de 2017, foi um dos elementos essenciais para sua radicalização.

O manifesto de 73 páginas, que explica o motivo da ação que levou à morte de pelo menos 49 pessoas e deixou outras 48 feridas, foi publicado em uma conta no Twitter utilizando um nome e um perfil similares ao da página Facebook que transmitiu o ataque ao vivo.

Chamado “Le Grand Remplacement” (ou a Grande Substituição em tradução livre) o documento é uma referência à tese do escritor francês Renaud Camus sobre o desaparecimento dos “povos europeus”, que seriam substituídos por imigrantes não-europeus, e é popular nos meios de extrema direita. Além do atirador, indiciado por homicídio, dois homens e uma mulher envolvidos no ataque, que parece ter sido minuciosamente planejado, foram detidos.

No manifesto, o atirador também escreve que tem 28 anos e nasceu em uma família modesta. Além da derrota de Le Pen, ele também cita um ataque jihadista em Estocolmo, na Suécia, em 2017, como um elemento fundamental para sua radicalização. Na época, um caminhão invadiu uma rua comercial da capital sueca e deixou cinco mortos, incluindo uma menina de 11 anos.

Atentados são atos de covardia, diz Le Pen

Marine Le Pen reagiu ao ataque na Nova Zelândia, um dos piores da história do país, e disse que os atentados terroristas devem ser reprimidos, independentemente de sua “sórdida motivação”. De acordo com ela, “os atentados são os piores atos de covardia imagináveis. As vítimas e suas famílias devem ser defendidas”, disse Le Pen no Twitter. Sébastien Chenu, porta-voz do partido de Le Pen, Regrupamento Nacional, também condenou o atentado, dizendo que o “combate contra a imigração era um outro debate.”

Segundo ele, “não há diferença entre as pessoas que atingem a vida de outra pessoa. Esse senhor pode ser de extrema direita, de extrema esquerda ou do planeta Marte. Para mim não muda nada”, declarou. Questionado sobre o manifesto do atirador e a tese da “Grande Substituição”, Chenu declarou que é preciso fazer uma distinção entre o atentado e a luta contra a imigração.

“O fato que a França seja submetida a uma espécie de ‘submersão’ imigratória há alguns anos é outra coisa. Felizmente ainda podemos debater a imigração sem ter esse tipo consequência: desequilibrados que vão pegar uma arma para matar imigrantes”, conclui.