Países sul-americanos lançam novo bloco regional no Chile
A América do Sul cria nesta sexta-feira (22), em Santiago no Chile, um novo organismo de integração regional, o chamado PROSUL, com ideologia de direita e a favor do livre mercado. O organismo PROSUL vai substituir a falida UNASUL, de ideologia de esquerda.
A América do Sul cria nesta sexta-feira (22), em Santiago no Chile, um novo organismo de integração regional, o chamado PROSUL, com ideologia de direita e a favor do livre mercado. O organismo PROSUL vai substituir a falida UNASUL, de ideologia de esquerda.
Márcio Resende, enviado especial da RFI ao Chile
Os críticos dizem que a região já tem iniciativas suficientes de integração e que o novo bloco estará a mercê, no futuro, de uma nova virada ideológica. Por isso, países com governos de esquerda como Bolívia e Uruguai preferiram ficar de fora e apenas enviaram observadores.
As dúvidas já começam pelo nome. Ninguém sabe bem o que significa PROSUL. Poderia ser "Progresso para a América do Sul" ou "Progresso sul-americano". Nem mesmo se sabe se esse será o nome. No programa da visita do presidente Bolsonaro, por exemplo, aparece Diálogo para Coordenação e Colaboração na América do Sul.
Outra falta de definição é quanto ao que será anunciado hoje. Ainda não se sabe se será anunciado o novo bloco ou o primeiro passo para a construção de um novo bloco. Os ministros das Relações Exteriores estiveram reunidos tentando afinar os anúncios desta sexta-feira (22).
Seja como for, o objetivo dos presidentes reunidos em Santiago é o de resgatar um processo de integração regional. É uma iniciativa do presidente chileno, Sebastián Piñera, que visa uma articulação dinâmica entre os países com conteúdos práticos e benefícios para a população, como a integração em infraestrutura, em energia e a cooperação. Prometem que tudo será sem muita burocracia nem carga ideológica.
UNASUL implodiu
Criar um novo foro bastaria para reformar o anterior. É que a UNASUL, União das Nações Sul-americanas, implodiu. Ficou congelada desde 2017, quando o então secretário-geral, o ex-presidente colombiano, Ernesto Samper, deixou o cargo.
Ficaram expostas as profundas diferenças e contradições entre os países da América do Sul que não se entenderam nem mesmo quanto ao novo nome a ser designado.A UNASUL ficou refém do choque entre uma região de governos de esquerda durante mais de uma década e a nova onda de direita que, a partir de 2015, foi ganhando as eleições em todos os países.
Nessa virada à direita, os novos governos começaram a sair da UNASUL, considerada um organismo de integração de esquerda. Atualmente, dos 12 países sul-americanos, apenas cinco continuam numa UNASUL falida (Bolívia, Suriname, Guiana, Uruguai e Venezuela). Nesses países, não houve uma mudança política, embora Bolívia e Uruguai tenham eleições em outubro deste ano.
Apesar de se anunciar como um bloco mais pragmático, os críticos veem na iniciativa do PROSUL o objetivo de promover a direita em detrimento da esquerda.
Então, se a criação da UNASUL foi um erro porque tinha uma inclinação política, um novo processo agora, com outra inclinação, seria cometer o mesmo erro. Outra crítica é quanto ao excesso de foros regionais cheios de boas intenções, mas sem resultados concretos. OEA, Grupo do Rio, CELAC, MERCOSUL, Aliança do Pacífico e Ibero-americana. São muitas reuniões de cúpula e poucos resultados.
Apenas sete países aderem ao projeto
Dos 12 países sul-americanos, apenas sete aderem imediatamente ao projeto e enviaram seus respectivos presidentes: Chile, Colômbia, Brasil, Equador, Peru, Argentina e Paraguai. Os que não aderiram são Bolívia, Uruguai, Guiana e Suriname. Bolívia e Uruguai desconfiam que o novo bloco seja apenas a uma união da nova direita regional. Esses países enviaram apenas "observadores".
São requisitos para integrar o PROSUL a vigência plena da Democracia, do estado de direito, dos direitos humanos e das liberdades individuais, exigências que hoje excluem a Venezuela. Por isso, a Venezuela não foi incluída, mas o autoproclamado presidente encarregado, Juan Guaidó, foi convidado.
ID: {{comments.info.id}}
URL: {{comments.info.url}}
Ocorreu um erro ao carregar os comentários.
Por favor, tente novamente mais tarde.
{{comments.total}} Comentário
{{comments.total}} Comentários
Seja o primeiro a comentar
Essa discussão está encerrada
Não é possivel enviar novos comentários.
Essa área é exclusiva para você, assinante, ler e comentar.
Só assinantes do UOL podem comentar
Ainda não é assinante? Assine já.
Se você já é assinante do UOL, faça seu login.
O autor da mensagem, e não o UOL, é o responsável pelo comentário. Reserve um tempo para ler as Regras de Uso para comentários.