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Decisão do Google contra Huawei terá consequências limitadas, diz empresa

20/05/2019 12h08

O Google anunciou no domingo (19) que vai cortar o fornecimento de programas, serviços e material de informática para a empresa chinesa Huawei. Para seu fundador e diretor-geral, Ren Zhengfe, a decisão terá consequências limitadas.

Stéphane Lagarde, correspondente da RFI em Pequim

A decisão do Google foi divulgada depois do anúncio do presidente americano, Donald Trump, proibindo as empresas americanas de telecomunicações de negociar com companhias estrangeiras "que poderiam colocar a segurança nacional em risco".

Mas a Huawei, relata o correspondente da RFI na China, Stéphane Lagarde, teria um "plano B", segundo seu diretor-geral, Ren Zhengfe, que deu uma entrevista coletiva no sábado (18) à imprensa japonesa. Ele declarou que gostaria de reduzir sua dependência em relação aos fornecedores americanos. A Huawei teria se preparado a essa proibição e o crescimento do grupo, afirmou, sofrerá uma "pequena desaceleração."

A decisão do governo americano, entretanto, terá um verdadeiro impacto para os usuários dos telefones Huawei, que não poderão utilizar mais aplicativos como o Gmail ou o You Tube.

Além disso, todos os anos, Huawei adquire o equivalente a € 11 milhões em componentes americanos, de acordo com o jornal francês Les Echos. A questão agora é se o grupo vai fabricar seu próprio sistema operacional para substituir o Android, utilizado nos celulares da companhia chinesa.

Os especialistas chineses qualificaram a decisão de "arbitrária" e "unilateral". O fabricante chinês disse nesta segunda-feira (20), em um comunicado, que contribuiu com o desenvolvimento e o crescimento do sistema Android no mundo e que continuará a trabalhar para construir um "ecossistema seguro e viável", com atualizações frequentes de segurança no sistema e serviços ao consumidor

Resistência ao "imperialismo"

Curiosamente, a TV central chinesa decidiu transmitir uma série de filmes históricos dedicados à guerra entre as duas Coreias, que contam a mobilização do povo chinês ao lado dos coreanos diante do imperialismo americano. O jornal televisivo do canal CCTV destacou a visita, nesta segunda-feira (20), do presidente chinês Xi Jinping, em uma fábrica de metais de terras raras em Jiangxi, no sudeste do país. O local não integra a lista de produtos chineses que são alvo das taxas americanas.

O motivo é que a indústria de armas, a automobilística e as empresas de alta tecnologia nos Estados Unidos ainda são bastante dependentes desses tipos de metais raros, encontrados na China. O porta-voz da diplomacia chinesa declarou que Pequim apoiaria as empresas do país que se sentissem ameaçadas em seus direitos pelas decisões americanas.

O grupo Huawei vendeu 208 milhões de celulares em 2018 e quase metade fora do país. A Europa representa 29% das vendas e é o principal mercado do grupo no exterior.