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Eleições europeias: Partido Trabalhista surpreende e deve vencer na Holanda

24/05/2019 11h49

No segundo dia das eleições europeias, Irlanda e República Tcheca comparecem às urnas nesta sexta-feira (24). O anunciado avanço das forças nacionalistas e de extrema direita pode acabar não acontecendo da maneira como havia sido projetado, a julgar pela votação de quinta-feira (23) na Holanda, onde as pesquisas de boca de urna apontaram a vitória do partido trabalhista.

Os partidos pró-europeus holandeses surpreenderam pelo excelente resultado conquistado no primeiro dia de votação, desmentindo pesquisas de opinião e analistas que anunciavam uma vitória dos populistas nestas eleições europeias. Segundo pesquisa de boca de urna do instituto Ipsos divulgada no fim desta quinta-feira, o Partido Trabalhista foi o grande vencedor na Holanda.

Liderado por Frans Timmermans, os trabalhistas conquistaram 18% dos votos - o dobro da votação de 2014. Em segundo lugar chega o Partido Popular para a Liberdade e Democracia (VVD), do primeiro-ministro Mark Rutte, com 14%. Em terceiro aparece o Fórum para a Democracia (FvD), do nacionalista de extrema direita Thierry Baudet, com 11%.

"Percebo que em toda a Europa existe uma necessidade de uma outra Europa, que lute muito mais contra as mudanças climáticas", afirmou Frans Timmermans. "Uma Europa que entenda que devemos trabalhar de forma conjunta nas questões sociais, que as grandes empresas precisam pagar mais impostos. São essas as ações apoiadas pela social democracia", completou.

A vitória dos trabalhistas surpreende porque as sondagens davam larga vantagem ao VVD e ao FvD. O maior derrotado deve ser o partido do líder ultradireitista Geert Wilders (PVV), que teve 13% dos votos nas eleições de 2014 e agora deve ficar com apenas 4%. O fracasso teria sido causado pela ascensão do FvD, que fez campanha com as mesmas bandeiras de Wilders e canalizou a maior parte dos votos da extrema direita.

A Holanda elege 26 deputados para o Parlamento Europeu - que tem um total de 751 representantes. Segundo pesquisa de boca de urna, os trabalhistas passariam de 3 a 5 cadeiras. O VVD, de 3 para 4. A extrema direita, que tinha 4 parlamentares, ficaria do mesmo tamanho, já que o FvD, que nunca havia eleito um deputado, terá 3, e o PVV, de Wilders, que tinha 4, elegeria 1.

Irlanda

Na República da Irlanda, os principais partidos fizeram campanha para reforçar o espaço do país no projeto europeu, buscando atenuar as consequências para sua economia da saída do Reino Unido da UE, agora adiada para 31 de outubro. O Brexit custou o mandato da primeira-ministra britânica Theresa May, que anunciou nesta sexta-feira que deixará o cargo dentro de duas semanas, muito desgastada pela interminável saga. Acompanhada em todo o continente, a novela Brexit é de particular interesse para a Irlanda, que tem o Reino Unido como principal sócio comercial.

O primeiro-ministro irlandês, Leo Varadkar, afirmou temer que a renúncia de May leve o processo do Brexit a uma fase "muito perigosa" para a Irlanda. O país não quer o retorno de uma fronteira física com a Irlanda do Norte, uma província britânica, em caso de Brexit sem acordo.

A Irlanda tem atualmente 12 eurodeputados, mas o país deve ganhar mais duas cadeiras quando o Reino Unido deixar a UE, o que provocará a distribuição das 73 cadeiras ocupadas atualmente pelos britânicos na Eurocâmara. Mas os irlandeses, como os demais países do bloco, só poderão ocupar as vagas após a saída efetiva de Londres.

Pendentes dos populismos

A República Tcheca organiza a votação em dois dias, sexta-feira e sábado (25). As pesquisas apontam a liderança do movimento populista Aliança de Cidadãos Descontentes (ANO, na sigla em tcheco) do bilionário Andrej Babis, apesar da onda recente de protestos contra o primeiro-ministro do país, membro da UE desde 2004.

Acusado por suposta fraude dos subsídios europeus, Babis, 64 anos, também foi alvo de uma investigação da UE sobre um possível conflito de interesses entre suas atividades políticas e seus negócios. Dezenas de milhares de tchecos saíram às ruas há 10 dias para pedir a renúncia do chefe de governo e da ministra da Justiça, Marie Benesova, que os manifestantes acusam de querer impedir os processos contra o magnata.

Apesar dos protestos, uma pesquisa do instituto Median apontou que o ANO venceria as eleições europeias no país com mais de 25% dos votos, à frente do partido ODS (direita) e do Partido Pirata, cada um com 14% das intenções de voto. Em grande parte do continente, as pesquisas apontam o avanço dos movimentos nacionalistas e populistas, que são contrários ao projeto de maior integração europeia, e a perda de espaço dos dois grandes grupos na Eurocâmara: o Partido Popular Europeu (PPE, conservador) e o Partido Socialista Europeu (PSE).

Durante quatro dias de votações, mais de 420 milhões de eleitores estão registrados para comparecer às urnas em 28 países e designar 751 representantes. Reino Unido e Holanda iniciaram o processo na quinta-feira, mas a maioria dos países organizará o pleito no domingo, o que significa que os resultados oficiais só poderão ser divulgados a partir da noite de 26 de maio. Esta é a nona eleição para o Parlamento Europeu desde 1979. O índice de participação registra queda a cada pleito, com apenas 43% em 2014.