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Candidatos antissistema devem disputar eleições presidenciais na Tunísia

16/09/2019 12h18

Os primeiros resultados oficiais sobre as eleições na Tunísia, que aconteceram neste domingo (15), foram publicados nesta segunda-feira (16) e confirmam o avanço de Nabil Karoui e Kaïs Saïd, dois candidatos considerados antissistema que devem participar do 2° turno das eleições.

De acordo com as estimativas publicadas no final da manhã, que correspondem a 27% dos votos, o professor de direito Kaïs Saïd tinha 19% dos votos, contra 15% para o magnata das comunicações Nabil Karui, que está preso acusado de lavagem de dinheiro. Ele tem apenas 2% a mais do que Abdelfattah Mourou, candidato do partido religioso Ennahda, com 13%.

Se os resultados se confirmarem, Kaïs Saïd e Nabil Karui vão se enfrentar no próximo dia 13 de outubro. Vinte e seis candidatos participaram da disputa no domingo - dois deles retiraram a candidatura. Nas eleições municipais do ano passado, apenas 34% dos sete milhões de eleitores tunisianos se deslocaram para votar. A taxa de participação nas eleições presidenciais anteriores, ocorridas em 2014, foi de 63%, mas não passou de 45% neste domingo.

Chamado de "populista" por seus críticos, Karui ganhou popularidade nos últimos anos, distribuindo comida e eletrodomésticos. A prática teve ampla cobertura da emissora de televisão fundada pelo próprio, a Nessma. Kais Saïd, um constitucionalista muito conservador nas questões sociais, entrou na cena política de forma inesperada. Os tunisianos o descobriram na televisão, espaço em que comentava os temas políticos desde a Revolução de 2011.

Transição democrática frágil

Oito anos depois da Revolução do Jasmin, que deu início à Primavera Árabe, a Tunísia é o único país que viveu uma transição democrática real, mesmo que ela seja considerada frágil. A situação econômica do país também afeta diretamente a população, que tem impressão de perder cada vez mais poder aquisitivo. O desemprego continua em alta e a inflação não para de subir, fatores que prejudicaram a candidatura do primeiro-ministro, Youssef Chahed, e outros dirigentes do país.