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Hong Kong: chefe de governo defende lei que proíbe uso de máscaras em protestos

05/10/2019 05h29

A chefe de governo de Hong Kong, Carrie Lam, declarou neste sábado (5) que não vai tolerar os "atos de vandalismo" na ex-colônia britânica, depois das violentas manifestações ocorridas na noite desta sexta-feira (4). Os protestos levaram à interrupção total da circulação do metrô.

A empresa MTR, responsável pela rede ferroviária da cidade, anunciou que todas as linhas, incluindo às que levam ao aeroporto, estão paradas. O governo de Hong Kong anunciou nesta sexta a adoção da chamada "lei de emergência" - uma legislação específica que proíbe, por exemplo, que os manifestantes cubram o rosto. A decisão, entretanto, desencadeou novos tumultos entre os manifestantes e a polícia, inclusive em bairros que até então vinham sendo poupados.

A violência dos protestos justifica a adoção da lei, defendeu a chefe de governo neste sábado. "O comportamento extremista dos baderneiros mergulhou Hong Kong em uma situação obscura, paralisando a sociedade", disse Lam em um discurso transmitido na TV. "Por essa razão, nós tivemos que adotar  a lei que proíbe máscaras em protestos", declarou. Isso não significa, entretanto, que Hong Kong esteja em estado de emergência. O dispositivo Emergency Ordinance Regulations data de 1922 e que não era utilizado há 52 anos.

"Acreditamos que a lei terá um efeito de dissuasão nos manifestantes violentos e ajudará a polícia em sua missão de manter a ordem", afirmou em uma entrevista coletiva. Pequim, por sua vez, deu total apoio à decisão, que considera "extremamente necessária". "O caos atual em Hong Kong não pode continuar indefinidamente", disse Yang Guang, porta-voz do escritório central do governo de Hong Kong e Macau.

A região semiautônoma enfrenta desde junho a pior crise política desde que foi devolvida a Pequim em 1997, com protestos quase diários e confrontos cada vez mais violentos entre as forças de segurança e manifestantes.

Protestos estão previstos no fim de semana

Nas redes sociais, diversas manifestações foram convocadas para este fim de semana. Nesta sexta, uma multidão invadiu as ruas do bairro Central, uma cena que se tornou habitual. Dezenas de manifestantes usaram peças de plástico, pedaços de madeira e cones de trânsito para formar uma barricada. Centenas de pessoas com os rostos cobertos também organizaram um protesto em um centro comercial de Sha Tin.

Algumas horas antes, milhares de cidadãos de Hong Kong se anteciparam ao anúncio de Lam e afirmaram que não respeitariam a proibição. Desde junho, manifestantes utilizam máscaras nos protestos para evitar a identificação e a abertura de inquéritos. Alguns também usam capacetes, óculos de proteção e equipamentos para evitar o gás lacrimogêneo ou as balas de borracha da polícia.

Na terça-feira, a cidade viveu o dia mais violento desde junho. Enquanto a China celebrava o 70º aniversário da instauração do regime comunista, Hong Kong foi cenário de confrontos em vários bairros. Pela primeira vez, um manifestante foi ferido por uma bala real, depois que um policial de uma unidade atacada abriu fogo. A lei de 1922 autoriza o Executivo a adotar "qualquer medida", sem a necessidade de autorização do Legislativo, em caso de situação de emergência ou se existir um perigo para a população.