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Protestos sem precedentes reúnem dezenas de milhares e ameaçam governo no Líbano

18/10/2019 14h18

Escolas, bancos, lojas e administrações públicas foram fechadas nesta sexta-feira (18) no Líbano. O país está paralisado e a maioria das principais avenidas foram interceptadas por grupos de manifestantes usando lixeiras e pneus queimados. O maior movimento de protesto em anos misturou libaneses de todas as classes sociais que exigiram em uníssono a renúncia do governo do sunita Saad Hariri, do presidente cristão Michel Aoun e do presidente do Parlamento, o xiita Nabih Berri.

Segundo relatos de correspondentes da RFI na região, os protestos libaneses vêm dificultando o deslocamento de uma região para outra, ou mesmo de um distrito para outro. As autoridades parecem terem sido pegas de surpresa diante da ira dos libaneses. Quando uma estrada consegue ser reaberta pela polícia, outra é interceptada pelos manifestantes.

Muito discreto desde a explosão da violência na noite de quinta-feira (17), o exército libanês se encontrava mais visível nesta sexta-feira, com patrulhas que cruzaram as ruas evitando os jovens manifestantes. O governo, que estava programado para se reunir esta tarde sob a presidência do chefe de Estado, Michel Aoun, finalmente cancelou sua reunião.

A decisão mostra rachaduras no governo multiconfessional de unidade nacional, fato que ganhou ampla visibilidade com os pedidos pela demissão do primeiro-ministro Saad Hariri, lançados por dois pesos pesados ??do executivo, o líder cristão Samir Geagea e o druso Walid Jumblatt.

O movimento de protesto, originalmente causado pela imposição de um imposto sobre conversas pelo WhatsApp e outros aplicativos de mensagens eletrônicas, está em processo de transformação em direção de um conflito político, e possivelmente de uma crise do governo de Hariri.

Manifestações em massa

Num protesto sem precedentes, manifestantes xiitas atacaram até as sedes de seus deputados do poderoso Hezbollah, e do movimento Amal, no sul do Líbano.

Grupos de manifestantes se reuniram perto da residência do presidente Michel Aoun em Baabda, nos arredores de Beirute, e perto do Grand Serail, a sede do governo na capital libanesa.

"Fomos às ruas porque não podemos mais suportar essa situação, esse regime é totalmente corrupto", disse Fadi Issa, um libanês de 51 anos que veio protestar com seu filho. "Eles são todos ladrões, eles vêm ao governo para encher os bolsos, não para servir o país". "Não queremos apenas que eles se demitam, queremos que eles sejam responsáveis, que eles devolvam todo o dinheiro que roubaram, queremos uma mudança", acrescentou.