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Exército chinês intervém para limpar ruas de Hong Kong

16/11/2019 13h32

Pela primeira vez desde o início do movimento pró-democracia em Hong Kong, os soldados chineses saíram por alguns minutos às ruas do território neste sábado (16). Os soldados intervieram para ajudar a limpar escombros e barricadas deixadas pelos manifestantes; uma presença militar simbólica que não foi solicitada pelo governo local, garante o Executivo de Hong Kong.

As saídas dos militares chineses do quartel em Hong Kong são excepcionais. "Soldados do Exército Popular de Libertação (EPL) em Hong Kong ajudaram os moradores a limpar as estradas e foram aplaudidos pelos residentes", afirmou o exército na rede social Weibo.

Um porta-voz do governo de Hong Kong afirmou que o Executivo local não solicitou a ajuda das tropas chinesas na zona de Kowloon Tong e que a saída dos quartéis foi uma "iniciativa" dos próprios militares.

A operação durou menos de uma hora e foi exibida pela televisão de Hong Kong. As imagens mostraram quase 100 homens recolhendo tijolos, escombros e retirando barreiras, antes do retorno ao quartel. Alguns moradores aplaudiram os soldados.

"Os cidadãos de Hong Kong saúdam a iniciativa dos soldados (...) que recolheram neste sábado o desastre deixado pelos amotinados", publicou no Twitter o jornal Global Times, considerado próximo ao governo central em Pequim.

Presença do exército chinês no território

O ELP estabeleceu uma guarnição no território semiautônomo na época da devolução da ex-colônia britânica à China comunista, em 1997. Os militares, no entanto, são raramente vistos em público. O governo central chinês e o ministério da Defensa da China recordaram, em diversas ocasiões, que o ELP tem o direito de intervir em Hong Kong para restabelecer a ordem.

Quase 500 pessoas participaram hoje de uma contramanifestação de apoio à polícia. Os manifestantes se reuniram diante da sede do governo com bandeiras da China e de Hong Kong. Eles fizeram várias fotos com os policiais.

Semana de violência

O território vive sua pior crise política desde a devolução. A mobilização pró-democracia, iniciada em junho contra a ingerência crescente de Pequim, ganhou um novo rumo nesta semana, com bloqueios nos transportes, ocupação de universidades e novos atos de vandalismo. Mas a tensão diminuiu neste sábado, após uma semana de violência, marcada pela morte de um homem de 70 anos.

A tensão aumentou durante a semana com a nova estratégia dos manifestantes, que inclui ações simultâneas em vários lugares, o que provocou a paralisação quase total do metrô e o fechamento de escolas e centros comerciais. A crise também atingiu várias universidades de Hong Kong, onde os estudantes e outros manifestantes com os rostos cobertos ocuparam os campi.

A mobilização pró-democracia começou contra um projeto de lei que do Executivo local que autorizava extradições para a China continental. O texto foi retirado em setembro, mas os manifestantes ampliaram suas reivindicações, que incluem agora, entre outras coisas, o voto direto para a escolha do chefe do Executivo de Hong Kong.