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Manifestantes são isolados em campus em Hong Kong e policial é ferido por flecha

17/11/2019 10h36

Um policial de Hong Kong foi ferido neste domingo (17) na perna por uma flecha disparada por um manifestante durante confrontos violentos em um campus na Península de Kowloon, que nas últimas horas se tornou a principal base do protesto pró-democracia.

Desde junho, a ex-colônia britânica passa pela pior crise política desde que foi entregue à China em 1997, uma disputa que atingiu novos patamares de violência nesta semana.

A mídia oficial chinesa alertou diversas vezes que o exército chinês, que tem presença na região semi-autônoma, poderia intervir para interromper a disputa. O próprio presidente chinês Xi Jinping divulgou nesta semana seu aviso mais direto até o momento, dizendo que a mobilização, que abala Hong Kong desde junho, ameaçou a princípio "um país, dois sistemas", agora leva ao retrocesso.

Os manifestantes prometem continuar as operações de bloqueio na próxima segunda-feira, a fim de "estrangular a economia" do centro financeiro de Hong Kong, que agora se encontra em recessão.

Na semana passada, a cidade ficou paralisada por ações de diversos tipos - enquanto trabalhadores de colarinho branco se manifestavam durante o intervalo do almoço, os mais radicais, vestidos de preto, usavam catapultas contra a polícia e se utilizavam de arcos e flechas da faculdade de esporte.

Uma base rebelde

Centenas de ativistas ocupam a Universidade Politécnica de Hong Kong (PolyU), em Kowloon, impedindo qualquer tentativa de retomada por parte da polícia. Eles ameaçam continuar bloqueando o Cross Harbor Tunnel, um dos três túneis rodoviários que servem a ilha de Hong Kong, que está fechado desde terça-feira (12).

Precisamos de "uma base para armazenar nossos equipamentos e descansar à noite, antes da batalha da manhã seguinte", disse um estudante de 23 anos da PolyU chamado Kason. Ao recorrerem a uma "base" para se defenderem, os manifestantes demonstram sua capacidade de adaptação.

Eles arremessaram coquetéis molotov contra veículos com canhões de água que tentaram se aproximar, além de terem atirado pedras de uma catapulta a partir do telhado da universidade, e de impedirem a circulação nas ruas, que estão tomadas de escombros.

A polícia denunciou o uso de "armas letais" e descreveu o campus como um "cenário de tumultos". Uma condenação por participação em um motim pode levar a dez anos de detenção no país.

"Cenário de tumultos"

Os protestos se intensificaram na última segunda-feira (11) com operações de bloqueio de universidades e distritos periféricos, com a aplicação de uma nova estratégia chamada "Eclosão em toda parte" (Blossom Everywhere), que consistiria em multiplicar as ações para testar ao máximo possível a capacidade policial.

Como resultado, uma paralisação geral dos transportes públicos tornou extremamente difícil o acesso a locais de trabalho e a escolas, levando ao fechamento de diversos estabelecimentos, além de gerar inúmeros confrontos com a polícia. O governo anunciou que as escolas permanecerão fechadas nesta segunda-feira como medida de segurança.

Um folheto publicado em um fórum, na última segunda-feira, evocava "uma ação ao amanhecer", sugerindo que os bloqueios deveriam permanecer: "Levante-se cedo, mire diretamente o regime, e estrangule a economia para aumentar a pressão".

O movimento começou em junho com a rejeição de um projeto de lei que visava autorizar a extradição de cidadãos para a China. O texto foi suspenso em setembro, mas a mobilização expandiu consideravelmente suas demandas por sufrágio universal e uma investigação sobre a violência policial.