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França: justiça identifica centenas de vítimas de ex-cirurgião acusado de estuprar menores

18/11/2019 13h47

A Justiça francesa a anunciou ter identificado, nesta segunda-feira (18), 250 vítimas potenciais de um cirurgião aposentado, acusado de estupro e de agressões sexuais contra pacientes menores de idade.

De acordo com Laurent Zuchowicz, promotor da cidade de La Rochelle, no oeste da França, os casos envolvendo centenas de vítimas de pedofilia, identificadas durante a investigação, ainda não prescreveram. Os crimes ocorreram durante os 30 anos de carreira do ex-cirurgião do Aparelho Digestivo, Joël Le Scouarnec, 68 anos, atualmente aposentado.

Ele está preso desde maio de 2017. Na época, ele foi detido em um processo envolvendo quatro menores de 15 anos, pelos quais será julgado entre os dias 13 e 17 de março de 2020. Uma de suas vítimas era a fillha de um de seus vizinhos, em Jonzac, no sudoeste do país, onde ele trabalhou entre 2014 e 2017.

Durante as operações de busca e apreensão, a polícia encontrou cadernos na casa onde morou o ex-cirurgião. Ele tinha anotado cerca de 200 nomes de meninos e meninas, separadamente. Muitas vezes, a identificação vinha acompanhada do endereço dos menores. Ele também descrevia cenas de sexo, que seu advogado de defesa, Thibaut Kurzawa, insistiu que se tratavam "apenas" de fantasias.

Centenas de casos na Bretanha

Essa descoberta permitiu a identificação de outras vítimas. De acordo com o promotor, 209 foram interrogadas e 184 decidiram denunciar Le Scouarnec. A polícia então descobriu casos em diversas regiões e cidades, que o francês reconheceu em parte nos interrogatórios. A investigação agora está concentrada na Bretanha, onde teriam ocorrido a maioria dos crimes.

A polícia agora tenta determinar se, em suas anotações, o ex-cirurgião gástrico descreve agressões e estupros que de fato ocorreram. O inquérito deve ser longo, e ouvir, além das vítimas, funcionários dos hospitais de Jonzac, onde atuou. No escritório do ex-cirurgião também foram encontradas imagens de pornografia infantil, bonecas escondidas no teto e perucas. Joël Le Scouarnec já havia sido condenado em 2005 por detenção de imagens pornográficas de crianças.