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Novos protestos contra a reforma da Previdência mobilizam 885 mil pessoas na França

Multidão protesta contra reforma da Previdência na França (Loic Venance/AFP) - Loic Venance/AFP
Multidão protesta contra reforma da Previdência na França (Loic Venance/AFP) Imagem: Loic Venance/AFP

10/12/2019 16h02

Menos de uma semana após manifestações que levaram 1,5 milhão de pessoas para as ruas na França, esta terça-feira (10) foi marcada por um novo dia de protestos contra a reforma da Previdência. Cerca de 885 mil pessoas participaram das mobilizações em todo o país, 180 mil apenas na capital francesa, segundo as centrais sindicais francesas.

Os números oficiais indicam um número bem menor de manifestantes do que as centrais sindicais. De acordo com o Ministério do Interior, a quantidade de pessoas que protestaram em toda a França nesta terça-feira foi 339 mil, entre os quais 31 mil em Paris.

De fato, a quantidade de pessoas nas ruas diminuiu em relação à última quinta-feira (5), mas os militantes garantem que a determinação continua a mesma. "Por uma aposentadoria total, contra o recuo social", gritavam os manifestantes. Entre os cartazes, mensagens como "não queremos morrer no trabalho", e "a aposentadoria antes da artrite".

"Continuaremos mobilizados porque esse projeto de reforma é punitivo. Ele não é bom para ninguém, que sejam trabalhadores do setor público ou privado. Não tem nada a ser negociado e o governo precisa recuar", afirmou à RFI Adel, um dos participantes da marcha de Paris.

A mobilização da capital francesa teve início na Esplanada dos Inválidos (centro) em direção à Praça Denfert-Rochereau, no sul. Ao contrário do protesto de 5 de dezembro, não houve violência, nem confrontos. A polícia de Paris deteve onze pessoas e realizou 1.753 vistorias preventivas.

Em outras cidades francesas, como Bordeaux, Marselha, Lyon e Lille, milhares de pessoas também saíram às ruas. A convocação foi feita pelas maiores centrais sindicais da França, além de quatro organizações estudantis.

"Estou decepcionado que haja menos pessoas, mas compreendo também que elas não podem fazer greve o tempo inteiro", comentou Christian, de 54 anos, funcionário da prefeitura de Lille, no norte da França.

Menor adesão, mais professores

Philippe Martinez, secretário-geral da Confederação Geral do Trabalho (CGT), reconheceu que a quantidade de manifestantes diminuiu em relação à última quinta-feira, mas a mobilização "é importante", porque, segundo ele, "a insatisfação continua sendo alta".

Em toda a França, entre trabalhadores ferroviários, estudantes, sindicalistas, bombeiros, profissionais da saúde e coletes amarelos, a marcha teve alta participação de professores. "Se estamos revoltados, é por causa do ministro da Educação. Se somos um milhão, a culpa é de Macron", dizia um dos cartazes exibidos por um grupo de educadores.

"Essa reforma vai tirar muito dinheiro dos professores. Estou pronta para persistir porque não quero terminar minha carreira com um salário que não vai servir nem mesmo para pagar meus gastos com saúde quando for idosa. Faço isso por meus filhos também, porque eles ainda não entraram no mercado de trabalho e eles vão sofrer quando isso acontecer", afirmou a manifestante Laurence à RFI.

Já Valérie Sipahimalani, secretária-adjunta do Sindicato Nacional dos Professores de Segundo Grau (Snes), expressou sua satisfação com a participação da categoria. "É a segunda grande greve das escolas e liceus, nunca vimos algo parecido. Os anúncios do ministro da Educação, Jean-Michel Blanquer, não nos convenceram", afirma.

Protestos podem continuar

Líderes das centrais sindicais se reúnem na noite desta terça-feira e podem convocar mais um dia de protestos para a próxima quinta-feira (12). Enquanto isso, o funcionamento dos transportes públicos na capital francesa e arredores, bem como a circulação de trens regionais, continuarão sofrendo uma forte perturbação até o final desta semana.

Na quarta-feira (11), o primeiro-ministro francês, Edouard Philippe, fará um pronunciamento sobre o projeto da reforma da Previdência, que pode acirrar ainda mais os ânimos dos trabalhadores. Sindicatos de policiais já anunciaram que irão endurecer suas ações, caso o Estado não traga mais garantias sobre seu regime de aposentadorias.