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Especialistas analisam por que mulheres foram alvo de ataque em Burkina Faso

25/12/2019 12h24

O ataque terrorista que matou 35 pessoas - das quais 31 mulheres - que atingiu o exército de Burkin Faso e principalmente a população civil de Arbinda, no norte do país na terça-feira (24), deixa espaço para questionamentos. O que levou os jihadistas a atacarem mulheres?

O porta-voz do governo de Burkina Faso fornece informações iniciais: foi em sua fuga que os jihadistas mataram as populações civis. Segundo testemunhos, a maioria das mulheres estava em casa. Outras vítimas foram buscar água potável.

Quanto aos homens, sublinha nossa fonte, eles encontraram refúgio no nível de certas colinas: "Alguns homens deixam mulheres, porque os jihadistas geralmente não as atacam", disse.

Tentativa de sequestro ou retaliação

Para o pesquisador Mahamoudou Sawadogo, especialista em questões de segurança neste país, uma das hipóteses seria o fracasso de um sequestro.

"O povo de Arbinda tem resistido a ataques há muito tempo. Para fazê-los vacilar, os terroristas podem decidir fazer reféns ", explicou o pesquisador à RFI.

A outra hipótese, levantada pelo analista Siaka Coulibaly, é a punição: "Parece mais uma retaliação. Segundo o analista, durante muito tempo, certos grupos terroristas suspeitaram que as populações, em particular as mulheres, colaborassem com as forças de segurança, fornecendo-lhes informações", disse.

"Diante da resposta dos soldados de Burkina Faso, os jihadistas podem ter atacado mulheres em sua fuga", acrescentou Coulibaly.

É a primeira vez que um número tão grande de mulheres (31) morre em um ataque terrorista no Burkina Faso.

"Bravura"

O presidente de Burkina Faso, Roch Kaboré, anunciou o crime em sua conta do Twitter e decretou "luto nacional de 48 horas" a partir desta quarta-feira (25) em homenagem às vítimas desse ataque, que provocou a morte de sete soldados e 80 "terroristas", de acordo com Kaboré. O presidente destacou a "bravura" dos militares na defesa do destacamento.

"Durante este ataque de uma intensidade pouco habitual e que durou várias horas, a determinação e a audácia dos membros do destacamento, formado por forças terrestres e de segurança, permitiram neutralizar 80 terroristas", afirmou o Estado Maior.

"De nosso lado, lamentamos os sete mortos e cerca de 20 feridos", informou o comunicado, que já fazia menção a "várias vítimas civis".

Burkina Faso, país fronteiriço com Mali e Níger, é cenário de habituais ataques jihadistas desde o começo de 2015, como também acontece com outros países da zona do Sahel.