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Irã fala em "encenação suspeita" e convida Boeing para investigação sobre queda de avião

09/01/2020 19h06

O Irã rebateu na noite de quinta-feira (9) as acusações feitas pelo primeiro-ministro Justin Trudeau. O canadense disse que o Boeing 737 da Ukraine International Airlines, que caiu na véspera perto de Teerã matando as 176 pessoas a bordo, "foi derrubado por um míssil terra-ar iraniano". Teerã referiu-se à declaração de vários líderes ocidentais como uma "encenação suspeita" e convidou a Boeing a participar das investigações sobre o acidente.

O primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, disse ter informações de várias fontes de Inteligência que sugerem que o Boeing 737 da Ukraine Airlines, que caiu na véspera perto de Teerã, matando as 176 pessoas que estavam a bordo, foi "derrubado por um míssil terra-ar iraniano".

"Temos informação de múltiplas fontes, incluídos nossos aliados e nossos serviços", que "indica que o avião foi derrubado por um míssil terra-ar iraniano. Pode ser que não tenha sido intencional", disse Trudeau em coletiva de imprensa.

O premiê canadense insistiu em que estes últimos acontecimentos "reforçam a necessidade de uma investigação exaustiva sobre este assunto". "Como disse ontem, os canadenses têm perguntas e merecem respostas", destacou.

No Reino Unido, o primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, confirmou que o Boeing foi atingido por um míssil. O aparelho transportava 82 iranianos, 63 canadenses, 10 afegãos e 11 ucranianos, entre passageiros e tripulantes de sete nacionalidades.

O site do jornal The New York Times exibe um vídeo publicado hoje nas redes sociais que mostra o exato momento em que o voo PS752 foi atingido por um míssil iraniano. O NYT afirma que as imagens são legítimas.

Irã nega ter derrubado o avião

Em Teerã, o diretor da aviação civil, Ali Abedzadeh, rejeitou esta hipótese. Ele declarou ser "cientificamente impossível que um míssil tenha atingido o avião ucraniano". A agência iraniana divulgou um relatório que afirma que o avião já estava em chamas antes de cair no solo, segundo relato de testemunhas e de um outro avião que sobrevoava a mesma área.

O Boeing 737, que tinha apenas três anos de uso e passou pela última revisão técnica na segunda-feira (6), caiu 6 minutos após a decolagem do aeroporto Imam Khomeini, em Teerã.

Trump: "suspeitas"

Mais cedo, o presidente americano, Donald Trump, também disse ter "suspeitas" semelhantes. "Estava voando em uma área bastante difícil e alguém poderia ter se enganado", acrescentou. "Algumas pessoas dizem que foi causa mecânica. Eu, pessoalmente, não acho que isso seja uma questão", disse Trump, acrescentando que "algo muito terrível aconteceu".

A Newsweek, a CBS e a CNN citaram autoridades não identificadas dizendo que estão cada vez mais certas de que os sistemas iranianos de defesa aérea derrubaram acidentalmente a aeronave, com base em dados de satélite, radar e equipamentos eletrônicos. A suspeita se baseia em imagens que mostram manchas de calor, características do disparo de dois mísseis terra-ar, que teriam cruzado o céu dois minutos após a decolagem do Boeing ucraniano. Uma explosão foi ouvida pouco tempo depois, perto do aparelho, segundo as autoridades americanas.

Luto nacional na Ucrânia

A Ucrânia pediu a seus aliados ocidentais que forneçam "provas" que ajudem na investigação da queda de um Boeing. "Nosso país tem o mais absoluto interesse em que se chegue à verdade. É por isso que pedimos aos parceiros ocidentais da Ucrânia: se tiverem provas que ajudem na investigação, solicitamos que as forneçam a nós", destacou a Presidência ucraniana em um comunicado.

O presidente Volodimyr Zelensky decretou um dia de luto nacional nesta quinta-feira. As autoridades do país examinam quatro hipóteses para a catástrofe: disparo de míssil, colisão, explosão de motor ou atentado terrorista.

O vice-ministro ucraniano das Relações Exteriores, Sergiy Kyslytsya, solicitou ao Conselho de Segurança da ONU "apoio incondicional" aos especialistas ucranianos que chegaram ontem à noite no Irã para investigar o local da queda do avião. "Foram perdidas 176 vidas inocentes. As circunstâncias desta catástrofe ainda não estão claras. Agora depende dos especialistas investigarem e encontrarem respostas para a pergunta sobre o que causou o acidente. Para fazê-lo, nossos especialistas devem receber apoio incondicional em sua investigação", ressaltou.

As caixas-pretas em poder dos iranianos foram parcialmente danificadas na queda. os primeiros elementos das investigações foram transmitidos para Ucrânia, Estados Unidos, Suécia e Canadá.

*Com agências internacionais