Banqueiro português envolvido no Luanda Leaks é encontrado morto
O diretor do EuroBic, Nuno Ribeiro da Cunha, foi encontrado morto na noite de ontem na casa onde morava em Lisboa, informou hoje a polícia portuguesa. Gestor da conta da petrolífera angolana Sonangol, o banqueiro estava envolvido no escândalo Luanda Leaks.
Segundo a agência Lusa, inicialmente a Polícia de Segurança Pública de Portugal adiantou que "tudo apontava para um suicídio". Um pouco mais tarde, os investigadores afirmaram que as evidências indicam que "não houve intervenção de terceiros" na morte, sem dar mais detalhes. Nuno Ribeiro da Cunha, de 45 anos, teria se enforcado, detalhou um comunicado da polícia.
A principal acionista do EuroBic é Isabel dos Santos, a mulher mais rica da África, que está no centro do Luanda Leaks. Como a filha do ex-presidente angolano, o banqueiro também foi indiciado ontem pela Justiça de Angola.
Segundo a imprensa portuguesa, Ribeiro da Cunha era diretor do "private banking do EuroBic" e administrador das contas de Isabel dos Santos. O Luanda Leaks, revelado pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ) no domingo (19), acusa a filha mais velha de José Eduardo dos Santos de ter "usurpado os cofres públicos" do país africano.
Acusação formal
Isabel dos Santos foi acusada formalmente pela Justiça angolana por uma série de delitos, entre eles fraude, desvio e lavagem de dinheiro. Ela também deverá ser julgada por tráfico de influência, abuso de poder e falsificação durante a época em que comandava a estatal Sonangol.
O procurador-geral de Angola, Helder Pitta Gros, chegou hoje a Lisboa para encontrar seu colega português. Os detalhes da reunião não foram divulgados pelo Ministério Público
Após a revelação do Luanda Leaks, o banco EuroBic anunciou sua decisão de acabar com qualquer "relação comercial" com sua principal acionista. Ontem, o banco indicou que a empresária iria vender suas ações. A imprensa portuguesa diz que ela teria usado o EuroBic para transferir fundos de origem duvidosa para Portugal.
Décadas no poder
José Eduardo dos Santos passou 38 anos no poder e sua filha era uma das pessoas mais influentes do país petrolífero africano. A investigação do ICIJ, que analisou mais de 715 mil arquivos, detalha o funcionamento interno de cerca de 400 empresas e filiais, criadas desde 1992 e espalhadas por 41 países, por Isabel dos Santos, de 46 anos, e seu marido, o congolês Sindika Dokolo. A fortuna da angolana é estimada em mais de US$ 3 bilhões, graças à atuação em variados setores como energia, telecomunicações, bancos, varejo e imprensa, entre outros.
O Ministério Público de Angola congelou as contas e os ativos da empresária no mês passado. Isabel dos Santos, que vive entre Londres e Dubai, chamou a decisão de "vingança política infundada". O procurador-geral angolano afirma que fará tudo para julgar Dos Santos em Angola.
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