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Macron pede prova de humanidade do governo em relação a pais que perdem filhos

01/02/2020 14h31

O presidente francês Emmanuel Macron pediu ao governo uma "prova de humanidade" ao apoiar os pais que enfrentam o luto de um filho, depois dos protestos na França, da extrema esquerda ao patronato, causados por um voto da maioria na Assembleia Nacional, disse o Palácio do Eliseu neste sábado (1).

A ministra do Trabalho Muriel Pénicaud e o Secretário de Estado para Proteção à Criança Adrien Taquet anunciaram na sexta-feira (31) uma "concertação" para "determinar as medidas relevantes para apoiar os pais em caso de perda de um filho, incluindo uma melhor organização das folgas.

Este anúncio veio no dia seguinte à votação da Assembleia contra uma proposta do partido centrista UDI-Agir que visava aumentar de cinco para doze dias a licença de um funcionário que acabara de perder um filho.

A proposta foi rejeitada por 40 votos a 38, a maioria presidencial, considerando em particular que o funcionário enlutado poderia se beneficiar dos dias de folga oferecidos por seus colegas.

"A tragédia das tragédias"

O relator Guy Bricout julgou que cinco dias "não estavam à altura da tarefa de "voltar à pista após a morte de uma criança", pedindo a "humanidade" de seus colegas. Ele lembrou que a cada ano, na França, 4.500 crianças morrem antes de atingir a maioridade.

Em resposta, a deputada Sereine Mauborgne, do partido presidencial A República em Marcha, havia defendido a possibilidade de o patrão criar uma conta de "doação dos dias de folga", e a ministra do Trabalho enfatizou que o texto redigido não se baseava na solidariedade nacional, mas na licença "paga 100% pela empresa".

Essas palavras despertaram indignação no hemiciclo. "Estamos falando da tragédia das tragédias", disse François Ruffin, do partido de extrema esquerda A França Insubmissa, denunciando uma maioria "mesquinha", enquanto o deputado de direita Pierre Cordier denunciou uma "vergonha".

Na sexta-feira de manhã, foi o presidente do patronato francês, Geoffroy Roux de Bézieux, quem pediu uma nova votação a favor dos doze dias.