Topo

National Gallery cria buquês inspirados em obras de arte para dia dos namorados

13/02/2020 15h13

Todo ano é a mesma história. No dia dos namorados na Inglaterra ainda em pleno em inverno, as flores tomam as vitrines do país. É uma das lembranças favoritas de quem quer homenagear a cara-metade. Ou, simplesmente, daqueles que não conseguiram pensar em nada mais criativo como presente, mas não querem errar.

Vivian Oswald - Correspondente da RFI em Londres

As floriculturas capricham nos arranjos para atrair os clientes. Investem em curadoria e espécies exóticas para buscar o diferente. Flores custam caro na Europa, sobretudo nesta época do ano.

De olho no filão, a National Gallery resolveu apostar nos seus próprios recursos. O segundo museu mais visitado da capital britânica agora vende arranjos de flores inspirados na sua coleção de obras de arte, uma das maiores do mundo. As flores vêm acompanhadas de um cartão postal com imagem da pintura de onde saiu. A promoção do dia dos namorados inclui uma caixa de bombons.

A gente gosta de surpreender as pessoas com as nossas parcerias. Muitas são muito bem-sucedidas. Foi assim com a Prestige Flowers, uma das líderes do ramo no Reino Unido, disse Judith Mather, diretora de Compras e Licenciamento da National Gallery Trade, o braço comercial do museu.

Para o gerente de Desenvolvimento de Negócios da Prestige Flower, Philip Crowther, a ideia é ir além do buquê tradicional, sem necessariamente copiar o que está nos quadros.

Queremos mostrar o que está por trás das pinturas, dar uma dimensão extra. Estamos falando de uma gama de flores de luxo que ainda não tinha sido criada, afirma.

Esta é apenas uma das muitas iniciativas da National Gallery para agradar ao público e financiar as contas no final do ano, já que recursos públicos são cada vez mais escassos.

Só para maiores

O Museu de História Natural de Londres também ousou. Resolveu criar um dia dos namorados especial. No dia 14 de fevereiro, depois do horário de visitas, organizou uma noite só para maiores de 18 anos.

"For love bugs, solitary bees and significant otters" (Para insetos apaixonados, abelhas solitárias e lontras especiais, em tradução livre) é mais do que um conjunto de trocadilhos para as expressões usadas em inglês em referência aos casais de namorados. É uma noite de drinques e palestras sobre o amor e o sexo na natureza, entre elas "Concepção e decepção: o estranho mundo do sexo animal", histórias LGBTq+, e até mesmo uma introdução rápida ao universo das pedras preciosas. Tudo isso para prestigiar a coleção do museu, a maior do gênero na Europa. O ingresso para o evento, que custa £35 libras (cerca de R$ 170) por pessoa, lotou. Agora, só ano que vem.

Quanto os ingleses vão gastar

De acordo com uma pesquisa de opinião conduzida pela Opinium a pedido da Price Waterhouse Coopers, 52% dos entrevistados não pretendem comprar presentes no dia dos namorados, sendo que 48% sequer investirão em cartões (uma mania nacional). Mesmo assim, aqueles que disseram estar dispostos a comprar presentes admitiram que gastariam cerca de £30 (ou aproximadamente R$ 170), mais de 10% a mais do que em 2016.

As flores ainda são um lembrança mais em conta para quem não quer gastar com presentes mais importantes, pouco tempo depois do Natal. Mais elaborados, os arranjos da National Gallery custam de £30 a £45  (R$ 170 a R$ 254).

No supermercado, o buquê com uma dúzia de rosas vermelhas custa em torno de £10 (pouco mais de R$ 56). Há quem diga que, a partir do ano que vem, depois que o Reino Unido finalmente deixar a União Europeia (UE), as flores podem custar mais caro. Não só para o dia dos namorados. Isso porque, hoje, 64% das rosas consumidas no país vêm da Holanda. E, se ao final do período de transição em que britânicos e europeus discutirão as novas bases da relação, ficar acertado que haverá tarifas de importação ou mais controles de fronteira para o transporte de mercadorias, os custos deverão ser repassados para o produto final.