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Após meses de greve, deputados franceses começam a debater polêmica reforma da Previdência

17/02/2020 12h40

A batalha pela polêmica reforma do sistema previdenciário francês chegou à Câmara dos Deputados para revisão, nesta segunda-feira (17). O projeto, apresentado pela equipe de governo do presidente francês, Emmanuel Macron, foi o estopim de semanas de protestos e de uma das maiores greves da história da França.

Os deputados devem debater o projeto de reforma previdenciária por 15 dias, antes de votarem, no início de março, um calendário que será difícil de manter diante de uma mobilização excepcional da oposição. Cerca de 40.000 emendas foram apresentadas contra o projeto, um recorde.

"Acredito que o calendário definido não é sustentável", disse o presidente do sindicato patronal Medef, Geoffroy Roux de Bézieux, diante da avalanche de emendas. Ainda assim, o governo, que optou pelo procedimento acelerado - que reduz os prazos para a análise de um projeto de lei - quer apressar o passo. O objetivo é aprovar a reforma antes do meio do ano. O projeto já havia sido estudado por uma comissão especial, que também não conseguiu avaliar as cerca de 20 mil emendas apresentadas na primeira fase. 

Promessa de campanha de Macron, essa reforma visa a unificar os 42 regimes de aposentadoria atuais e a estabelecer um novo sistema de cálculo, por pontos. Além disso, o projeto inicial pretende mudar a idade mínima para a aposentadoria plena, que passaria dos 62 anos atuais para 64 anos.

O governo diz que a reforma, que acabará com os privilégios de algumas profissões, é "justa". Seus críticos não aceitam, porém, perder as vantagens que possuem, incluindo a aposentadoria precoce para trabalhos de natureza perigosa. Muitos também temem que a reforma force os franceses a trabalharem mais para conseguir uma aposentadoria integral.

Movimento de greve perdeu força

O sistema previdenciário é uma questão delicada na França, país em que a população está muito ligada a um sistema distributivo conhecido, até o momento, por ser um dos mais protetores do mundo. Por essa razão, os sindicatos se mobilizaram contra o projeto antes mesmo do texto ter sido anunciado.

Os funcionários ferroviários e do transporte metropolitano de Paris protagonizaram uma das maiores greves em décadas na França. Durante cerca de 50 dias, em dezembro e janeiro, milhares de pessoas participaram de protestos em todo país e muita gente teve que ir ao trabalho a pé ou de bicicleta.

No entanto, diante da postura do governo, que praticamente não recuou apesar da pressão, a mobilização perdeu força nas últimas semanas. Cinco sindicatos convocaram um "dia morto" nos transportes em Paris para esta segunda-feira, mas a circulação dos metrôs e trens interurbanos era quase normal.

(Com informações da AFP)