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Coronavírus: China reforça medidas de isolamento e Taiwan registra primeira morte

17/02/2020 14h40

Os dados do último relatório oficial apontam 1.770 mortos e mais de 70,5 mil pessoas infectadas pelo coronavírus Covid-19, principalmente na província de Hubei, epicentro da epidemia, onde ocorreram 96% das mortes. Com isso, na região são aplicadas restrições cada vez mais drásticas.

Em Hubei, à medida que o balanço aumenta, as medidas continuam a se fortalecer. Dezenas de milhões de cidadãos foram forçados a permanecer solitários há quase um mês, inclusive na cidade de Wuhan, o berço da epidemia. Apenas veículos policiais e ambulâncias podem circular nas estradas da província, além daqueles que transportam mercadorias consideradas essenciais, de acordo com o correspondente da RFI na China, Zhifan Liu.

Ao mesmo tempo, 200 mil comunidades rurais reforçarão suas condições de isolamento e 24 milhões de pessoas afetadas por essas medidas não poderão mais deixar suas casas, a menos que seja absolutamente necessário. Eles também devem ficar a mais de 1,5 m de outras pessoas nas ruas. Outra consequência da epidemia do coronavírus Covid-19, o parlamento chinês planeja adiar sua sessão plenária, que deveria começar em 5 de março. Todos os anos, 3 mil delegados se reúnem por dez dias para votar novas leis e estabelecer metas econômicas anuais.

Recompensa financeira e sentença de prisão

Para impor essas medidas draconianas, as autoridades usam métodos rigorosos. Na cidade de Xiaogan, são proibidas atividades públicas, como o mahjong (jogo de tabuleiro tradicional chinês) e jogos de cartas, comuns entre os chineses, sob pena de prisão de até dez dias.

Em Huanggang, uma cidade na fronteira com Wuhan, pede-se aos moradores que relatem se têm sintomas do coronavírus. Como recompensa, 500 yuan, ou cerca de 60 euros, e a promessa de tratamento imediato. Todas as táticas são bem-vindas para conter uma epidemia que já fez quase 1,7 mil vítimas apenas na província de Hubei.

Por outro lado, o número de novos casos registrados diariamente na China continua a diminuir pelo terceiro dia consecutivo. Mas fora do país, o número de infecções continua a subir, como em Cingapura ou mesmo na Tailândia.

Primeiro morto em Taiwan

O arquipélago autônomo de Taiwan, localizado na costa chinesa, registrou neste domingo (16) a primeira morte ligada ao coronavírus, a quinta registrada fora da China, de acordo com o correspondente da RFI em Taiwan, Adrien Simorre.

Foi com expressão séria e tom solene que o Ministro da Saúde de Taiwan anunciou a morte do homem de 60 anos que estava infectado com o coronavírus. A vítima era um motorista de táxi que sofria de hepatite B e diabetes. Internado no hospital há 15 dias por dificuldades respiratórias, ele finalmente sucumbiu às sérias complicações neste fim de semana.

Medo de um surto fora da China

Esta quinta morte registrada fora da China instiga, uma vez que a vítima não havia viajado para fora de Taiwan e não teve contato com ninguém infectado pelo vírus. No entanto, o taxista trabalhava regularmente para clientes da China, Hong Kong e Macau. As autoridades de Taiwan deram início a uma investigação para traçar a rotina do homem antes de sua hospitalização.

Até agora, a maioria dos 20 casos identificados em Taiwan não foi infectada em solo taiwanês. O governo, no entanto, teme o aparecimento de uma fonte de contaminação em Taiwan. Aumentando as preocupações em torno do caso fatal registrado neste fim de semana, uma pessoa muito próxima à vítima também apresentou teste positivo em relação à presença do vírus.

Outro caso lança dúvidas sobre as informações da epidemia conhecidas até agora e pode exigir mudanças nos procedimentos de segurança. Uma mulher de 83 anos, na Malásia, apresentou resultado positivo em seu teste de presença do vírus mesmo após o período de quarentena de duas semanas.

A idosa era um dos passageiros do navio MS Westerdam que desembarcaram no Camboja, na última quinta-feira (13), depois de a embarcação ter sido recusada em diversos portos da região. A empresa proprietária do navio está atuando em parceria com autoridades de diversos países para localizar e contatar esses passageiros.

Diamond Princess

No Japão, organizadores decidiram cancelar a participação de 38 mil corredores amadores na maratona de Tokyo, prevista para acontecer em 1° de março. Apenas os atletas de elite, cerca de 200 ao todo, correrão a prova. A cerimônia pública de aniversário do imperador Naruhito também foi cancelada.

No porto de Yokohama, perto de Tóquio, o navio Diamond Princess, continua sendo a principal fonte de contaminação fora da China. Cerca de 400 casos da doença foram diagnosticados entre os passageiros.

Nesta segunda-feira (17), os Estados Unidos resgataram cerca de 300 americanos que estavam a bordo do navio. Os repatriados serão submetidos à quarentena de 14 dias, a suposta duração máxima da incubação do vírus