"Inadmissível": Lisboa reage à proibição de Maduro a voos da TAP na Venezuela
A Venezuela suspendeu na segunda-feira (17) por 90 dias as operações da companhia aérea portuguesa TAP no país, após acusá-la de ter permitido que um familiar do líder opositor Juan Guaidó transportasse explosivos durante uma viagem, anunciou o ministro dos Transportes venezuelano, Hipólito Abreu. O presidente português, Marcelo Rebelo de Sousa, considerou a medida "inadmissível e hostil".
"Tudo isso é inaceitável, incompreensível e inadmissível", afirmou o presidente português, expressando o "espanto" das autoridades do país pelos "ataques lançados contra a TAP, mas também contra Portugal e suas autoridades", disse Marcelo Rebelo de Sousa.
O ministro das Relações Exteriores de Portugal, Augusto Santos Silva, apoiou a declaração do chefe de Estado: "É um ato hostil a Portugal, um país reconhecido por seu equilíbrio e sua capacidade de falar com todos".
Origem da denúncia
O governo Maduro decidiu na segunda-feira suspender as operações da companhia aérea portuguesa TAP para a Venezuela por 90 dias, argumentando que havia permitido ao tio do oponente Juan Guaidó - reconhecido por Portugal e sessenta outros países como presidente interino da Venezuela - transportar explosivos e coletes à prova de balas a bordo de um de seus vôos.
Juan Márquez, tio de Juan Guaidó, que viajava com o sobrinho na volta de uma turnê internacional pelos Estados Unidos e Europa, foi preso na terça-feira (11) quando chegou à Venezuela.
Segundo o presidente da Assembléia Constituinte da Venezuela, Diosdado Cabello, considerado o número dois do regime, Márquez carregava explosivos escondidos em vários objetos.
Cabello acusou a TAP de violar "padrões internacionais" ao permitir que Márquez "transportasse explosivos", além de ocultar a identidade de Juan Guaidó.
Reação da TAP
A companhia aérea já reagiu à suspensão, dizendo que não entendeu os motivos da medida e explicando os danos que isso acarreta a seus passageiros. A companhia também lamentou não ter tido a oportunidade de se defender.
A comunidade de imigrantes portugueses na Venezuela reúne entre 300.000 e 400.000 pessoas. A TAP é uma das poucas empresas estrangeiras que mantém operações no país, uma vez que a maioria de seus concorrentes começou a suspender seus serviços em 2013.
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