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EUA: Sanders vence primárias em Nevada e pode enfrentar Trump nas eleições de novembro

23/02/2020 09h40

O senador Bernie Sanders conquistou no sábado (22) uma vitória decisiva nas primárias democratas de Nevada, no oeste dos Estados Unidos. Com o resultado, o socialista consolidou a liderança na disputa entre os candidatos progressistas e pode enfrentar o presidente Donald Trump nas eleições presidenciais de novembro.

A vitória de Sanders é muito significativa porque o estado de Nevada tem um peso importante nas primárias. O resultado também deixa evidente que o senador socialista de 78 anos tem a capacidade de estabelecer uma coalizão que vai além dos eleitores esquerdistas. Com a vitória, ele rebate o argumento de muitos moderados de que não conseguiria estabelecer pontes entre progressistas e centristas.

Na noite de sábado, com os resultados oficiais sendo divulgados lentamente, Sanders protagonizava uma ampla vantagem. Segundo a CNN, Sanders venceu a votação com 46,6% dos votos. O ex-vice-presidente Joe Biden aparece em segundo, com 19,2%.

O ex-prefeito de South Bend, Indiana, Pete Buttigieg, que conseguiu uma vitória impactante em Iowa há três semanas, chega em terceiro lugar com 15,4%. Em quarto lugar, Elizabeth Warren obteve 10,3% dos votos.

"Coalizão multirracial e multigeracional"

Sanders não demorou a reivindicar a vitória. Ele afirmou que sua "coalizão multirracial e multigeracional" que venceu em Nevada "vai arrasar no país". Durante o discurso, o senador reiterou as promessas de reforma no sistema de saúde, luta contra a mudança climático, maior controle da posse de armas e aumento do salário mínimo.

"O povo americano está farto de um governo baseado na ganância, corrupção e mentiras. Quer um governo baseado nos princípios de justiça", afirmou diante de uma multidão que gritava o seu nome, em El Paso, Texas, um dos 14 estados que organizará primárias na "Super Terça" de 3 de março.

Buttigieg felicitou Sanders por seu "bom desempenho", mas também destacou as divergências entre ambos. O ex-prefeito declarou que o rival considera o capitalismo "a origem de todos os males". "Vai além de uma reforma e vai reorganizar a economia de uma forma que a maioria dos democratas - e os americanos - não apoiam", disse.

Empatado virtualmente com Sanders em primeiro lugar em Iowa e vencedor na semana passada em New Hampshire, Buttigieg está bem posicionado na disputa enquanto as primárias seguem para a Carolina do Sul e depois para a "Super Terça".

O centrista Biden, desesperado para ganhar espaço após os resultados decepcionantes nos dois primeiros estados que organizaram as primárias, afirmou que estava "realmente bem" com o apoio obtido em Nevada. "Estamos vivos e estamos retornando", disse o pré-candidato que já foi o favorito na disputa. "Agora vamos para a Carolina do Sul para vencer e nos recuperar", completou.

"Parece que o 'Louco Bernie' está indo bem no Grande Estado de Nevada", tuitou Trump, que ironizou os demais pré-candidatos democratas. "Felicitações Bernie & não deixe que eles tirem isso de você", completou.

Com a disputa democrata ganhando cada vez mais um aspecto nacional, alguns candidatos como Klobuchar, Warren ou a congressista Tulsi Gabbard serão pressionados para decidir se continuam em campanha ou desistem do sonho.

Warren volta a atacar Bloomberg

O ex-prefeito de Nova York Michael Bloomberg não participou das primárias de sábado, pois decidiu concentrar a campanha na "Super Terça", para a qual gastou mais de US$ 438 milhões de sua fortuna.

Durante o debate de quarta-feira (19), a senadora Elizabeth Warren criticou duramente Bloomberg, exigindo que revogue os acordos de confidencialidade assinados por sua empresa com várias mulheres. Dois dias depois, a direção da campanha de Bloomberg anunciou que liberaria os documentos após denúncias de comentários descabidos feitos no ambiente de trabalho.

Depois de tomar conhecimento dos resultados de Nevada, o chefe de campanha de Bloomberg, Kevin Sheekey, alertou os eleitores que "escolher um candidato que apela a uma pequena base eleitoral, como o senador Sanders, seria um erro fatal".

Apoio de Clint Eastwood

O ator e diretor de cinema Clint Eastwood, conhecido por seu apoio aos republicanos, afirmou que apoiará Bloomberg e não Donald Trump, para quem declarou voto há quatro anos.

Em uma longa entrevista ao The Wall Street Journal, o vencedor do Oscar de 89 anos disse que, embora aprecie algumas das ações do presidente Trump, sua política se tornou "irritante".

Segundo Eastwood, Trump deve agir "de uma maneira mais gentil, sem usar o Twitter ou chamar pessoas por apelidos". "O melhor que podemos fazer é levar Mike Bloomberg" para a Casa Branca, reiterou.

(Com informações da AFP)