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Acusado de assédio sexual, tenor Plácido Domingo pede perdão às vítimas

25/02/2020 08h21

O tenor espanhol Plácido Domingo, acusado de assédio sexual por cerca de 20 mulheres nos Estados Unidos, pediu perdão às vítimas nesta terça-feira (25). Em um comunicado divulgado na Espanha, o cantor lírico de 79 anos disse lamentar "sinceramente o sofrimento causado".

Plácido Domingo, de 79 anos, afirmou ainda que assume toda a responsabilidade por seus atos, numa mudança radical de postura. Até agora, ele havia negado categoricamente as acusações feitas contra ele.

Em uma reportagem de investigação publicada pela agência americana de notícias Associated Press em agosto, nove mulheres afirmam ter sido abusadas sexualmente por Plácido Domingo desde o fim dos anos 1980. Uma segunda matéria, publicada em 7 de setembro, revelou que outras 11 mulheres afirmavam também terem sido vítimas do tenor.

Com a repercussão das denúncias, a Orquestra da Filadélfia e a Ópera de São Francisco anunciaram ter cancelado eventos com Plácido Domingo em 2019. A Ópera de Dallas cancelou um concerto previsto para março de 2020. Pressionado, o tenor teve que abrir mão de cantar com a Ópera Metropolitana de Nova York, onde atuava desde que tinha 27 anos, em setembro de 2019.

Após as acusações, ele também teve que abandonar a direção da Ópera de Los Angeles, que dirigia desde 2003. A instituição contratou um advogado externo para investigar as denúncias. A investigação ainda está em curso. No entanto, Plácido Domingo continuou a se apresentar na Europa normalmente.

Reação ao caso Weinstein?

No comunicado, que foi divulgado na Espanha pela agência Europa Press, o tenor garante que decidiu nos últimos meses "parar para pensar nas acusações". Ele indica que compreende, enfim, "porque algumas mulheres tiveram medo de se expressar honestamente, temendo o impacto na carreira delas".

O pedido de perdão de Plácido domingo acontece no dia seguinte da decisão do júri de Manhattan no julgamento de Harvey Weinstein. O produtor de cinema de Hollywood foi declarado culpado de agressão sexual e estupro. O veredicto foi aplaudido pelo movimento #MeToo iniciado justamente após a revelação do escândalo sexual envolvendo Weinstein.