Topo

Americanos correm risco de não conseguir pagar aluguéis devido à crise do coronavírus

02/04/2020 07h31

Com a crise sanitária, começam a aparecer os primeiros indícios de uma crise imobiliária nos Estados Unidos. Em um país onde a proteção social é mínima, milhares de americanos desempregados por causa da epidemia do coronavírus se veem em uma situação de precariedade e sem dinheiro para pagar seus aluguéis. O temor é que muitos cidadãos sejam expulsos de suas casas, como aconteceu em 2008.

Com informações do correspondente da RFI em São Francisco, Éric de Salve

Esse é um dos primeiros sinais da crise econômica em uma grande potência provocada pela pandemia. Na quarta-feira (1°), entre os cerca de 3,2 milhões de americanos que perderam seus empregos devido ao coronavírus, muitos já não puderam pagar seus aluguéis. Entre eles, milhares que foram demitidos de um dia para o outro com pouca ou nenhuma indenização.

Antes do início do confinamento, cerca de 40% dos americanos tinham menos US$ 400 em suas contas bancárias. Com os seguro-desempregos extremamente baixos, o cheque de US$ 1.200 prometido às famílias pelo gigantesco plano de emergência aprovado pelo Congresso não deve ser enviado antes de meados de abril.

Consequências econômicas aos proprietários de imóveis

De acordo com as estimativas do jornal The New York Times, em Nova York - a cidade americana mais atingida pela Covid-19 - 40% dos inquilinos podem não pagar seus aluguéis neste mês de abril. Desta forma, muitos proprietários estarão impossibilitados de reembolsar seus empréstimos, correndo o risco de gerar uma crise similar à de 2008.

O resultado é que em várias cidades - como Nova York, Seattle, Los Angeles e São Francisco - a convocação para uma "greve dos aluguéis" já mobilizam as redes sociais. Para limitar o impacto dessa crise imobiliária que se anuncia, vários governadores decretaram uma moratória para evitar expulsões de inquilinos: 90 dias no estado de Nova York, 60 dias na Califórnia.

Novos estados em confinamento

Quatro estados americanos anunciaram na quarta-feira (1°) a imposição de medidas estritas de confinamento: Flórida, Geórgia, Mississipi e Nevada. Como o presidente Donald Trump se recusa a determinar o isolamento nacional, governadores se organizam por conta própria.

A Califórnia foi o primeiro estado a anunciar o confinamento, seguido do estado de Nova York, Illinois, Pensilvânia, Nova Jersey, Connecticut e Nevada. Atualmente moradores de cerca de 40 estados americanos estão isolados em suas casas.

Inicialmente cético sobre a gravidade da pandemia, Trump instituiu em 16 de março medidas para limitar deslocamentos e reuniões de multidões, sem determinar o confinamento em todo o país.

O presidente americano pensava poder anunciar um retorno à normalidade até a Páscoa, em 12 de abril. Mas um de seus conselheiros durante a crise sanitária, Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergias e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos, estimou que as medidas deveriam ser prolongadas, alertando para a possibilidade de entre 100 mil e 200 mil mortos por coronavírus no país.

Desta forma, o plano nacional contra a epidemia foi estendido para até 30 de abril. A entrada de viajantes originários da Europa nos Estados Unidos continua proibida. O presidente americano também diz estudar a possibilidade de suspender voos interiores para as cidades mais atingidas no país pela Covid-19.

Mais de 5 mil mortos

Cerca de 215 mil pessoas testaram positivo à Covid-19 até o momento nos Estados UNidos. O país registra 5.100 mortes, 884 em apenas 24 horas - um novo recorde, segundo dados da Universidade John Hopkins.

Entre as vítimas estão um bebê de um mês e meio que morreu em Connecticut e uma criança de menos de um ano que faleceu em Illinois.