Topo

Esse conteúdo é antigo

Coronavírus: exército francês confirma ter comprado cloroquina "por precaução"

Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images
Imagem: Rafael Henrique/SOPA Images/LightRocket via Getty Images

24/04/2020 14h52

De acordo com o Exército da França, trata-se de uma medida de antecipação, caso "a cloroquina venha a ser validada pelas autoridades de saúde como útil para combater a covid-19". A notícia de que o ministério da Defesa reconhece ter comprado da China a molécula, ainda em estudo para o tratamento do coronavírus, foi confirmada à FranceInfo e publicada nesta sexta-feira (24).

A droga, cuja eficácia contra a covid-19 está sendo debatida no país há várias semanas, tem sido utilizada desde o início da epidemia por um pesquisador de Marselha, no sul do país. O Professor Didier Raoult tem feito uso de um tratamento ministrado à base de cloroquina, que reúne a hidroxicloroquina e a azitromicina, um antibiótico. Outros cientistas também estão testando essa solução, mas exigem mais tempo para a apresentação de resultados confiáveis.

"No contexto de fortes tensões no fornecimento de matérias-primas para uso farmacêutico", o Ministério das Forças Armadas fez uma compra por precaução, para o caso da cloroquina provar ser eficaz e válida pelas autoridades de saúde francesas, detalhou o Exército.

Um vídeo postado nas redes sociais na quinta-feira (23) mostra uma entrega de barris rotulados como fosfato de cloroquina, com bandeiras chinesas e francesas. Um homem comenta as imagens fazendo referência a "70 kg" provenientes da China e destinados à "farmácia central do Exército", apresentando uma folha de pedidos mostrando a entrega na terça-feira (21), em Roissy (Aeroporto Internacional Charles de Gaulle).

O ministério não confirmou a quantidade do produto. Porém, confirma que essa entrega realmente veio da China e que era de fato "sal ou fosfato de cloroquina, que permite o desenvolvimento de uma forma injetável" do produto.

Eficácia ainda em estudo

Essa compra pode parecer prematura, uma vez que os efeitos clínicos da molécula ainda não são totalmente conhecidos. A Agência Europeia de Medicamentos (EMA) lembrou que possíveis efeitos benéficos não haviam sido demonstrados e que "estudos recentes relataram sérios problemas (...) com a administração de choloroquina e hidroxicloroquina, em particular tomadas em doses elevadas ou em combinação com o antibiótico azitromicina ". A Food and Drug Administration (FDA) dos EUA também lançou um alerta sobre possíveis complicações cardíacas, com risco de vida.

A compra "não julga de maneira alguma a eficácia da molécula", respondeu o gabinete do ministro Florence Parly, declarando que seguiu o conselho das autoridades de saúde. "Estamos fazendo muitas compras de precaução, porque esse é o nosso papel". O ministério destaca a forte concorrência internacional no mercado de suprimentos e enfatiza uma boa "antecipação" de futuras avaliações científicas, sejam elas favoráveis ou não.

O Ministério das Forças Armadas tem mais de 1.500 casos confirmados de coronavírus entre seus funcionários, segundo dados fornecidos pela diretora-geral do serviço de saúde do exército (SSA), "incluindo uma quinzena em terapia intensiva". Esse número inclui os marinheiros do porta-aviões Charles-de-Gaulle, que testaram positivo para a doença.