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Coronavírus pode ter chegado à França em dezembro, acreditam especialistas

Até agora, três primeiros casos oficiais no país eram do dia 24 janeiro - Pierre Suu/Getty Images
Até agora, três primeiros casos oficiais no país eram do dia 24 janeiro Imagem: Pierre Suu/Getty Images

05/05/2020 04h23

O primeiro caso da covid-19 na França teria sido detectado no dia 27 de dezembro de 2019, de acordo com Yves Cohen, chefe do setor de reanimação do hospital Avicenne e Jean Verdier, situado em Seine Saint-Denis, na região parisiense. Até hoje, os três primeiros casos identificados no país datavam de 24 janeiro — um casal de chineses originário de Wuhan, onde apareceu a epidemia, e um homem em Bordeaux, no sudoeste da França, que esteve na China.

Segundo Cohen, a equipe testou as amostras de sangue congeladas de 16 pacientes hospitalizados na UTI do estabelecimento entre 2 e 16 de janeiro. Todos tiveram pneumonia e os exames foram feitos na época para detectar uma eventual contaminação pela gripe ou outros tipos de coronavírus, exceto a covid-19, ainda desconhecida. Recentemente, houve novos testes com os pacientes e um deles foi diagnosticado positivo, para a surpresa da equipe.

A amostra do homem de 42 anos foi recolhida em 27 de dezembro, segundo um estudo publicado no Journal of Antimicrobial Agents, "prova que a covid-19 já estava se propagando na França no fim de dezembro de 2019, um mês antes dos primeiros casos oficiais", dizem os autores.

Uma das hipóteses é que o homem tenha sido contaminado pela sua mulher, assintomática, que trabalha em um supermercado ao lado de um stand de venda de sushis, ao lado de colegas de origem asiática.

Vírus silencioso

O paciente, hoje curado, poderia ser o caso sintomático mais precoce da covid-19 na França, mas essa hipótese ainda precisa ser validada. Se for o caso, ela confirmará a suspeita de muitos cientistas.

"Na China aconteceu a mesma coisa: este vírus tem a particularidade de se propagar silenciosamente, sem que sua presença seja detectada, para em seguida provocar casos sinttomáticos", diz Olivier Bouchaud, chefe do setor de doenças infecciosas do mesmo hospital.

Pequim infornou a OMS sobre pacientes hospitalizados com uma pneumonia de origem desconhecida no dia 31 de dezembro. Mas o primeiro caso foi identificado no dia 8 de dezembro, segundo um estudo divulgado pelas autoridades de Wuhan e divulgado pela revista Lancet.

Diversas pesquisas analisam as variações genéticas do vírus para construir sua "árvore genealógica" e levam a uma origem provável da epidemia na China em novembro ou dezembro de 2019, segundo o epidemiologista Erik Volz, do Imperial College, em Londres. No caso das grandes cidades europeia, "os estudos apontam o início da epidemia entre janeiro e fevereiro", declarou.

Segundo o diretor de pesquisa do CNRS (Centro Nacional francês de Pesquisa Científica), Samuel Alizon,da Universidade de Montpellier, no sul da França, é preciso distinguir os casos isolados da onda epidêmica. "É possível que casos importados tenham chegado antes, gerando cadeias de transmissões que depois não evoluíram", declarou. " O vírus provavelmente circulava na França há mais tempo do que pensamos", acredita Bouchaud.

Pandemia já causou 250 milmortes no mundo

A pandemia do novo coronavírus causou 250.203 mortes no mundo — 85% delas na Europa e Estados Unidos. São 3.570.093 casos oficias no total. Foram registrados 145.023 mortos na Europa e 1.572.178 casos, o continente mais afetado. Os Estados Unidos são o país com mais vítimas fatais: 68.689. Ele fica à frente da Itália com 29.079; do Reino Unido com 28.734; da Espanha 25.428 e França 25.201 óbitos.

A contagem é realizada usando dados reunidos pelos escritórios da agência AFP com autoridades nacionais e a OMS. Devido a correções das autoridades ou à publicação tardia de dados, as cifras de aumento de 24 horas podem não coincidir exatamente com as publicadas no dia anterior.

Os Estados Unidos, que representam um terço dos casos de coronavírus registrados no mundo, provavelmente vão superar a marca de 100.000 mortos por covid-19 no começo de junho, segundo múltiplos modelos epidemiológicos. Segundo a OMS, só a descoberta de uma vacina ou uma cura permitirá pôr fim à pandemia que paralisa a economia mundial.