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Países da América Latina prolongam confinamento para deter pandemia de coronavírus

09/05/2020 05h12

Vários países da América Latina e do Caribe estenderam o confinamento para deter os contágios da Covid-19. Especialistas acreditam que a região, com 324 mil casos confirmados e 17.500 mortes, ainda não atingiu o pico de infecções.

O Brasil, o país mais afetado da região, registrou 751 mortes nas últimas 24 horas, totalizando quase 10.017 falecimentos e de 146.894 infecções, embora os especialistas calculem um número 15 vezes maior devido à falta de testes. A quarentena parcial em São Paulo, epicentro do surto, foi prorrogada até 31 de maio.

O Peru, o segundo país latino-americano com o maior número de infecções, também estendeu o confinamento nacional que expira no domingo (10) por duas semanas.

Na Argentina, o isolamento social obrigatório continuará até 24 de maio em Buenos Aires e em sua periferia populosa, mas o resto do país fará uma reabertura progressiva, anunciou o presidente Alberto Fernández.

"A situação é bastante controlada, mas a região metropolitana tem 86% dos casos em todo o país e o principal foco de contágio", disse Fernández em entrevista coletiva na residência oficial em Olivos, ao norte da capital. Cerca de 14 milhões de pessoas vivem no maior conglomerado urbano do país, entre a capital e os 13 distritos que rodeiam Buenos Aires.

O confinamento na Argentina completou 50 dias na sexta-feira (8), dia em que foi divulgado um total 5.598 casos da Covid-19, com 293 mortos e 1.659 pessoas recuperadas desde o início da pandemia.

No México, com quase 3.000 mortes e quase 30.000 infecções, as autoridades federais e da capital negaram ter retido dados, depois que o jornal americano The New York Times e o espanhol El País garantiram que o número de óbitos e casos seja significativamente superior ao que dizem os dados oficiais.

Explosão da pobreza

A pandemia de coronavírus terá repercussões devastadoras no mercado de trabalho e agravará a desigualdade na América Latina, de acordo com um estudo do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), em conjunto com a Universidade de Cornell, nos Estados Unidos.

 

A pesquisa, feita em 17 países entre 27 de março e 30 de abril, com a participação de 200.000 pessoas, revelou que cerca de 45% dos participantes afirmaram que um dos membros de seu lar perdeu o emprego durante a pandemia. Entre as famílias consultadas nas quais um membro tinha um empreendimento, 57% reportaram o fechamento de sua pequena empresa.

"As taxas de perda de empregos e fechamentos de empresas são particularmente devastadoras para os pobres, o que aprofundará a desigualdade", disseram os especialistas.

Em países como Colômbia, Peru e Equador, onde há mais trabalhadores informais, houve mais perdas de empregos. Segundo a pesquisa, 30% dos entrevistados informaram que seus rendimentos familiares foram inferiores ao salário mínimo. Em abril, 50% esperavam que sua renda familiar estivesse abaixo deste limite.

Com informações da AFP