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Setor aéreo do Reino Unido rejeita projeto de quarentena para viajantes

9.mai.2020 - Aeroporto de Heathrow, em Londres, durante pandemia do novo coronavírus - Kirsty O"Connor / PA Images via Getty Images
9.mai.2020 - Aeroporto de Heathrow, em Londres, durante pandemia do novo coronavírus Imagem: Kirsty O'Connor / PA Images via Getty Images

11/05/2020 11h33

O setor aéreo britânico demonstrou preocupação nesta segunda-feira (11) em relação à quarentena anunciada pelo governo para os viajantes que entram no Reino Unido em um momento em que o setor já enfrenta uma crise histórica.

O setor aéreo britânico demonstrou hoje preocupação em relação à quarentena anunciada pelo governo para os viajantes que entram no Reino Unido em um momento em que o setor já enfrenta uma crise histórica.

Heathrow, tradicionalmente o aeroporto mais movimentado da Europa e um centro para o tráfego aéreo global, informou em comunicado que sofreu um colapso de 97% no número de viajantes, registrando um fluxo de 200.000 pessoas no mês passado. Normalmente, esse é o número de passageiros transportados em um único dia. O aeroporto não deve ter uma retomada do tráfego no curto prazo.

Willie Walsh, chefe do grupo de companhias aéreas IAG, empresa controladora da British Airways, não escondeu sua oposição à ideia de quarentena, diante do Comitê de Transporte do Parlamento Britânico. Apesar de a British Airways estar lutando por sua sobrevivência, Walsh enfatizou que "o anúncio de 14 dias (de isolamento após chegada por via aérea no Reino Unido) sem dúvida tornará as coisas piores".

"Planejamos retomar nossos voos, de maneira bastante significativa, em julho. Acho que teremos que revisar isso", alertou o executivo, lembrando que não espera voltar ao nível de tráfego anterior à chegada da Covid-19 antes de 2023 ou 2024, ou mesmo 2026.

Apesar dos "progressos" em seu país, o segundo mais afetado do mundo pela pandemia (com mais de 31.800 mortos), o primeiro-ministro Boris Johnson declarou no domingo (10) que "não seria o momento, nesta semana, para acabar com o confinamento", decretado no final de março. As restrições deverão permanecer em vigor até pelo menos 1º de junho e espera-se que a "quarentena para as pessoas" que entrarem no Reino Unido por via aérea seja implementada em breve.

Apenas voos de repatriação

O aeroporto de Heathrow informou que a maioria dos 200.000 passageiros registrados em abril foram passageiros dos 218 voos de repatriação de pessoas retidas no exterior no momento da implementação do confinamento. O aeroporto estima continuar ocioso até que os governos suspendam as medidas de confinamento e devido à quarentena que deve ser colocada em prática.

As autoridades aeroportuárias estão pedindo ao governo que este estabeleça um manual explicando os critérios para a reabertura de fronteiras e que haja um trabalho conjunto com outros países, para que os passageiros possam circular livremente quando a pandemia terminar.

Willie Walsh também justificou a extinção de 12.000 empregos na British Airways, mais de um quarto da força de trabalho, por razões de "sobrevivência" para a empresa que obtém mais lucros, mas também possui os custos fixos mais altos do Grupo IAG, de acordo com o executivo. "Todos os que pensam que (passar pela crise) será fácil estão sonhando", insistiu ele, enfatizando que os aviões do grupo estão imobilizados e que seus ativos estariam derretendo.

Muitos funcionários acusam o chefe do grupo de aproveitar a crise do coronavírus para rever benefícios contratuais e outros aspectos em relação às condições de trabalho. Walsh reagiu aos ataques, assegurando que as consultas para reduzir o impacto das demissões seriam realizadas o mais rápido possível, mas evitou perguntas sobre o questionamento dos contratos dos funcionários, principalmente no que se refere a procedimentos disciplinares e oportunidades para contestar sanções.

Diferenças de leis trabalhistas

"Não punimos a British Airways" em comparação com outras empresas do grupo, ele também argumentou, destacando as diferentes leis trabalhistas em outros países, como Espanha e Irlanda, e garantindo que o grupo implementa uma reestruturação "em todo o grupo diante da maior crise que o setor e as empresas do IAG já enfrentaram".

Os sindicatos britânicos e o partido trabalhista solicitaram ao executivo o lançamento de um plano de ajuda específico para o setor de aviação. Além de certas companhias aéreas, também estaria em jogo o futuro do aeroporto de Gatwick, em Londres, onde a companhia aérea Virgin Atlantic decidiu interromper suas atividades por enquanto.

Walsh disse que vê um futuro para a British Airways em Gatwick, que ele considera melhor "gerenciado que Heathrow em muitos aspectos".