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EUA e Irã realizam nova troca de prisioneiros

05/06/2020 11h52

Os Estados Unidos e o Irã realizaram uma nova troca de prisioneiros nesta quinta-feira (4), apesar das tensões entre os dois países inimigos. Michael White, ex-membro da Marinha dos EUA detido no Irã em julho de 2018, "estará com sua família nos  Estados Unidos em breve", tuitou o presidente Donald Trump.
   

Trump prometeu continuar agindo em favor da "libertação de todos os americanos reféns no exterior." O presidente agradeceu ao Irã por seu gesto. "Graças ao Irã, isso mostra que é possível um acordo!", tuitou, indicando que havia falado com White por telefone.

Nesta sexta-feira (6), o chefe da diplomacia iraniana, Mohamad Javad Zarif, reagiu ao tuíte de Trump, e declarou que Teerã tinha "um acordo, o de Viena", em referência acordo sobre o programa nuclear iraniano, em 2015. "Seus conselheiros fizeram uma aposta idiota", declarou.

Teerã, por sua vez, anunciou que o cientista iraniano Majid Taheri, detido nos Estados Unidos, foi libertado por Washington "ao mesmo tempo" que White. Taheri se declarou culpado em dezembro por desvios financeiros e também foi acusado de ter enviado um instrumento técnico ao Irã, violando as sanções de Washington à República Islâmica, mas um juiz dos EUA ordenou sua libertação nesta quinta-feira, de acordo com documentos judiciais consultados pela AFP.

Mediação suíça

"Que bom que Majid Taheri e White puderam se reunir rapidamente com suas famílias", tuitou o chefe iraniano da diplomacia, Mohamad Javad Zarif, enquanto autoridades americanas não comentaram publicamente a libertação do detido iraniano.

A Suíça, mediadora dos dois países que romperam relações diplomáticas há 40 anos, confirmou que contribuiu para o "gesto humanitário" recíproco. Trump agradeceu por sua "ajuda formidável". Oficialmente, o retorno, na quarta-feira, de outro cientista iraniano a Teerã, Cyrus Asgari, libertado pelos Estados Unidos após três anos de prisão por espionagem, é apenas uma coincidência.

O subsecretário de Segurança Interna, Ken Cuccinelli, disse no Twitter que a libertação do cientista iraniano "não fazia parte de um acordo em troca de Michael White" e acrescentou que eles tentavam devolvê-lo desde dezembro, mas houve atraso por conta da reatividade do Irã.

Em meados de maio, as autoridades iranianas garantiram que pretendiam trocar "todos os prisioneiros" com Washington, após a última operação realizada em dezembro entre o americano Xiyue Wang, libertado por Teerã, e o iraniano Masud Soleimani, libertado por Washington.

Cuccinelli então acusou Teerã de "adiamentos". "Temos onze de seus cidadãos em situação irregular, que tentamos enviar para o seu país", disse ele no Twitter. "Enviem o avião!" Vários iranianos-americanos, incluindo o empresário Siamak Namazi, seu pai Bagher, e o ambientalista Morad Tahbaz, continuam detidos no Irã, e os Estados Unidos exigem sua libertação.

Comportamento construtivo

Embora tenha destacado o "comportamento construtivo do Irã" na libertação de White, o secretário de Estado americano, Mike Pompeo, reivindicou o mesmo gesto para todos os outros compatriotas detidos. Michael White, que serviu 13 anos na Marinha dos Estados Unidos, havia sido preso em julho de 2018 na cidade de Mashhad, no norte do país, depois de visitar uma mulher que ele teria conhecido na internet.

No ano seguinte, ele foi condenado a 10 anos de prisão, acusado de insultar o aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do Irã, e de fazer comentários contra o regime nas mídias sociais, sob pseudônimo. Em março, o Irã foi duramente atingido pela pandemia de coronavírus e White foi preso sob custódia da Suíça. No entanto, ele não foi autorizado a deixar o país.

Segundo o ex-governador do estado do Novo México, Bill Richardson, que pressionou pela libertação de White, ele havia testado positivo para a Covid-19. A mãe de White respira aliviada. "Nos últimos 683 dias, meu filho Michael foi mantido refém pelos Guardiões da Revolução", o exército ideológico da República Islâmica, afirmou Johanne White em um comunicado. "Estou feliz em anunciar que o pesadelo acabou."

Tensão entre EUA e Irã cresceu

A tensão nas relações entre o Irã e os Estados Unidos aumentou desde que Trump abandonou em 2018 o acordo nuclear internacional assinado entre várias grandes potências e Teerã. O presidente republicano considerou o pacto muito fraco e além de restabelecer, reforçou as sanções contra a República Islâmica. Em troca, o Irã começou a se distanciar das restrições impostas ao seu programa nuclear.

Trump diz que quer negociar um novo acordo, mas várias mediações falharam. A libertação de prisioneiros tem sido vista como uma maneira de acalmar as tensões, que atingiram o pico em janeiro, após o assassinato pelas forças americanas do poderoso general iraniano Qassem Soleimani em um ataque em Bagdá.

(Com informações da AFP)