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Protestos contra o racismo se espalham pelo mundo; França proíbe manifestação

06/06/2020 08h54

Os Estados Unidos se preparam para um novo fim de semana de intensos protestos contra o racismo e a violência policial, no momento em que o aumento da repressão das manifestações no país, pelas forças de ordem, causa apreensão.

De Sydney a Londres, diversas cidades do mundo registram manifestações hoje e desafiam a pandemia de coronavírus. Na França, o governo proibiu atos organizados pelas sociais e marcados para acontecer nesta tarde em frente à Torre Eiffel e à embaixada americana.

O governo francês alega que qualquer aglomeração de mais de 10 pessoas está vetada, por conta da covid-19. Na terça-feira, apesar de proibido, um protesto reuniu mais de 20 mil pessoas no norte de Paris e acabou em confrontos. Os manifestantes exigiam justiça no caso do jovem negro francês Adama Traoré, morto há quatro anos em condições similares às do americano George Floyd, de 46 anos. Floyd faleceu há 10 dias depois de ser asfixiado durante quase nove minutos por um policial branco durante uma abordagem policial, em Minneapolis.

Em defesa de outras vítimas de preconceito

A morte de Floyd continua a desencadear manifestações contra o racismo pelo mundo. Hoje, dezenas de milhares de pessoas participaram de atos na Austrália, em defesa também dos aborígenes, alvo de preconceito no país. O protesto havia sido proibido, mas acabou autorizado de última hora pela Justiça, apesar das medidas de isolamento em vigor contra o coronavírus.

"O fato de que tenham tentado nos impedir de protestar nos dá ainda mais vontade de fazê-lo", declarou à AFP o manifestante Jumikah Donovan, nas ruas de Sydney. Muitos participantes utilizavam máscaras de proteção e tentavam manter distância dos demais, em respeito às medidas de prevenção ao coronavírus.

Protestar em meio à pandemia

A frase "Não posso respirar", dita por Floyd no momento em que tentava convencer o policial a retirar o joelho do seu pescoço, numa cena filmada por uma testemunha, se transforma em slogan dos protestos que ultrapassaram as fronteiras americanas.

Em Londres, duas manifestações estão marcadas: em frente ao Parlamento hoje e diante da embaixada dos Estados Unidos, amanhã. O governo britânico pediu à população para não participar dos atos, já que o Reino Unido é o segundo país mais atingido pela pandemia.

"Compreendo que as pessoas estejam profundamente indignadas, mas nós ainda enfrentamos uma crise sanitária e o coronavírus permanece uma ameaça real", declarou o ministro da Saúde britânico, Matt Hancock. "Portanto, por favor, para a segurança dos seus próximos, não participem a grandes aglomerações, inclusive protestos, de mais de seis pessoas", disse, em referência ao limite de agrupamentos fixado durante a quarentena no país.