Topo

Floyd recebe últimas homenagens nos EUA e reações aos protestos beneficiam Biden

09/06/2020 06h34

As reações do presidente americano Donald Trump e do candidato democrata à presidência Joe Biden à morte de George Floyd e aos protestos pelo país têm definido o rumo das pesquisas eleitorais recentes e podem influenciar o rumo das eleições daqui a cinco meses. George Floyd, 46, será enterrado nesta terça-feira (9) em Houston, no Texas, ao lado de sua mãe, por quem ele chamou nos últimos minutos de vida enquanto era sufocado por um policial branco em Minneapolis.

A morte de Floyd também deu origem a reivindicações por ampla reestruturação da polícia. Enquanto Biden e os congressistas democratas propõem reformas, o presidente Trump chegou a chamar os manifestantes de Minneapolis de "bandidos" e defender "lei e a ordem".

George Floyd teve três funerais: em Minneapolis, na Carolina do Norte e em Houston. Tanto Trump quanto Biden ligaram para a família dele na semana passada. Mas enquanto familiares disseram que a ligação do presidente Trump foi breve (apenas dois minutos), Biden parece ter conseguido criar mais empatia quando telefonou e falou por 15 minutos. Além de ter sido vice-presidente de Barack Obama, o único negro a ser presidente dos EUA, o democrata é conhecido por levar eleitores às lágrimas ao compartilhar sua história de luto e recuperação, já que ele mesmo perdeu a primeira esposa e dois filhos.

Biden viajou a Houston para visitar a família de Floyd nesta segunda-feira (8) e gravou uma mensagem de vídeo para o funeral. Já Trump se reuniu na Casa Branca com representantes nacionais da polícia e negou que haja problemas sistêmicos nos departamentos policiais. Trump chegou a ameaçar enviar tropas nacionais para conter os protestos à revelia de governadores. E recebeu críticas quando a polícia dispersou uma manifestação pacífica na capital Washington para que o presidente pudesse fazer uma foto em frente à igreja de St. John com uma bíblia. 

Pesquisas favoráveis a Biden

Ainda é cedo para prever o impacto a longo prazo no resultado das eleições, mas pesquisas recentes favorecem o ex-vice-presidente Biden. Uma delas, feita pela NPR/PBS Newshour e Marist indica que dois terços dos entrevistados acham que Trump agravou as tensões raciais no país desde a morte de George Floyd e discordam da forma com que ele falou dos manifestantes. Ao contrário da época dos protestos pelos direitos civis em 1968, quando a maioria da população apoiava a polícia, dessa vez a maioria apoia os manifestantes. Uma pesquisa da CNN mostra Biden com 14% à frente de Trump.

Trump também recebeu críticas vindas de um de seus apoiadores importantes, que fala a uma parte da base importante do eleitorado cristão branco que elegeu o presidente. O fundador da Coalizão Cristã, Pat Robertson, que é próximo de Trump desde os anos 1990, disse que ele não poderia dividir o país. A maneira como Trump lidou com a pandemia e o estado da economia americana também pesam na decisão dos eleitores. Na segunda-feira (8), o Escritório Nacional de Pesquisa Econômica declarou que os Estados Unidos entraram oficialmente em recessão em fevereiro. Ao mesmo tempo, dados de desemprego melhoraram, com um acréscimo de 2,5 milhões de empregos.

Protestos continuam em Nova York

Após a reação violenta da polícia a protestos pacíficos, o prefeito da cidade, Bill De Blasio, foi criticado e disse que vai direcionar parte do orçamento da polícia local para projetos a juventude. Mas os manifestantes pedem que o orçamento da polícia seja ainda mais reduzido e que negros e outras minorias sejam mais ouvidos pela administração municipal. Entre diversos casos de violência policial contra cidadãos negros e latinos, o caso de Eric Garner, homem negro que em 2014 foi sufocado por um policial branco, foi um dos mais marcantes. Suas últimas palavras também foram "Não consigo respirar", como as de George Floyd.

Há também uma preocupação de que Nova York registre uma nova onda de casos de Covid-19 depois dos protestos, afetando principalmente a população negra. Nova York foi o epicentro da pandemia nos Estados Unidos e ficou quase três meses em lockdown. Essa segunda-feira foi o primeiro dia da primeira fase de abertura da cidade. Isso significa que alguns serviços não essenciais puderam recomeçar, como construção e varejo para entrega na calçada e o metrô voltou ao horário normal.