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Argentina melhor proposta para credores da dívida e estende negociações

05/07/2020 16h27

A Argentina melhorou a oferta aos credores de sua dívida em dólares em cerca de US$ 66 bilhões e estendeu a negociação até o final de agosto, na tentativa de alcançar um acordo crucial para o país, cuja economia se encontra ainda mais fragilizada pela pandemia de coronavírus. Em entrevista à rádio Milenium, o presidente argentino, Alberto Fernández, declarou que a nova oferta seria detalhada ainda neste domingo (5).

"[a oferta] Será aberta até o final de agosto. É um esforço enorme que estamos fazendo. É o esforço máximo que podemos fazer", disse o presidente.

O vencimento das negociações com os credores de acordo com a lei estrangeira, iniciada em 20 de abril, estava prevista para 24 de julho. No entanto, o governo decidiu prorrogá-las pela sétima vez, até 28 de agosto.

A proposta deve primeiro ser publicada no Diário Oficial e depois arquivada na SEC (Securities Commission) em Nova York. Uma fonte do governo disse à AFP que a nova proposta de reestruturação "está perto de US$ 53" para cada papel de US$ 100.

A primeira oferta teria sido de US$ 39 por ação de US$ 100 e foi rejeitada pela maioria dos credores. "Espero que as negociações, que estão em andamento, terminem bem. Sempre tenho expectativas de que seja esse o caso", disse o presidente de centro-esquerda.

Credor acusou de "falta de compromisso"

A Argentina propôs um swap para esses detentores de títulos, mas ainda não alcançou entendimento sobre cortes nas taxas de juros e períodos de carência. O ministro da Economia, Martín Guzmán, admitiu "grandes diferenças" com o grupo de acionistas Ad Hoc, incluindo o poderoso fundo de investimento Blackrock, que acusou o governo argentino de "falta de compromisso" em sua proposta para avançar na negociação.

"Os grupos Ad Hoc e Exchange querem deixar claro que desde 17 de junho não houve avanço significativo com as autoridades argentinas", afirmaram esses dois grupos, que representam os detentores de títulos de cerca de US$ 21 bilhões, em comunicado divulgado na semana passada. Eles também disseram que estavam prontos para chegar a um "acordo de consenso sustentável para a Argentina e os credores".

Possibilidade de ação judicial

Para os dois lados, o acordo deve ser alcançado o mais rápido possível. Na semana passada, venceram os juros de outros títulos cerca de US$ 600 milhões, embora tenham um período de carência de mais um mês antes de entrar em default.

O Grupo Ad Hoc havia descrito as negociações semanas atrás como um "fracasso" e alertou que avalia a reivindicação de pagamento nos tribunais de Nova York. Os títulos que a Argentina pretende trocar foram emitidos sob legislação estrangeira, tornando-os suscetíveis a ações no exterior. Essa negociação inclui títulos de 2005 e 2010, produto de uma reestruturação anterior, e outros colocados a partir de 2016.

Com informações da AFP