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Covid-19: Teste positivo de Bolsonaro é notícia no mundo inteiro

07/07/2020 16h46

O presidente Jair Bolsonaro anunciou nesta terça-feira (7) que teve um resultado positivo em seu teste de coronavírus e se tornou imediatamente manchete da imprensa mundial. Todos os veículos ressaltaram a posição controversa do chefe de Estado, que minimizou a pandemia e é contrário às medidas de isolamento preconizadas pela comunidade internacional.

Do canal norte-americano CNN ao jornal italiano Corriere Della Sera, passando pela emissora árabe Al Jazeera, a imprensa do mundo todo deu destaque para a confirmação de contaminação de Jair Bolsonaro pelo Covid-19.

O canal de televisão Sky News interrompeu sua programação e noticiou o resultado do teste do chefe de Estado ao vivo, praticamente no momento em que o presidente anunciava que havia sido contaminado.

A emissora ressaltou que "o político populista causou indignação no Brasil por ignorar as medidas de quarentena e se recusar a usar uma máscara em público".

"Após alguns alarmes falso, agora é certeza: Jair Bolsonaro integrou a lista do dirigentes que tiveram um resultado positivo no teste do novo coronavírus", anunciou a revista francesa Le Point, que lembra o nome de outros l­íderes mundial contaminados, entre o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, o príncipe Albert de Mônaco ou ainda o presidente de Honduras, Juan Hernandez.

O jornal português Público também deu destaque em sua primeira página, como o título "Bolsonaro tem Covid-19, mas diz estar "perfeitamente bem"".

O chefe de Estado não parecia surpreso com o diagnóstico, como afirma o jornal The New York Times. "Eu sou o presidente da República (...) Eu gosto de estar no meio do povo. Então tendo em vista esse meu contato com povo, bastante intenso nos últimos meses, eu achava até que já tivesse contraído sem ter percebido", disse o chefe de Estado, em declaração reproduzida pelo diário norte-americano.

Praticamente todos os veículos, como a versão francesa do Huffigton Post, lembraram que Bolsonaro, "não parou de minimizar o coronavírus" desde o início da pandemia. Agora ele "acabou sendo contaminado", afirma o site, com uma ponta de sarcasmo.

Jornais, emissoras de rádio e televisão, mas também sites de notícias reproduziram as declarações do representante de Brasília em março, no início da pandemia, quando o presidente não apenas chamou o Covid-19 de "gripezinha", como também disse que, se fosse contaminado, não deveria se preocupar em razão de seu "passado de esportista", como escreve o jornal Le Monde.

"Desde então, Bolsonaro continuou a participar de eventos sociais e comícios políticos, muitas vezes usando máscaras incorretamente ou sem usá-las", relata o britânico The Guardian.

O português Público aponta que essa atitude do chefe de Estado não mudou e que ele "continua a insistir na reabertura da economia, apesar de o número de contágios e mortes manter-se em rápida expansão no país. Só nas últimas 24 horas, foram registados mais de 21 mil novos casos e 656 mortos", detalha o diário.

Ministro interino e vice no comando

"Quem vai comandar o país?", questionou um dos apresentadores do canal alemão Deutsche Welle, ao vivo com seu correspondente no Rio de Janeiro, lembrando que o chefe de Estado ficará alguns dias em casa e que o ministro da Saúde atual é apenas um interino. O jornalista explicou aos telespectadores europeus que o vice-presidente Hamilton Mourão assumirá o poder e diz que essa não é a primeira vez que Bolsonaro tem que ser substituído, lembrando da cirurgia à qual foi submetido no ano passado e que o obrigou a deixar o cargo por alguns dias.

Mas Bolsonaro não pretende parar totalmente suas atividades, como ressalta o belga La Libre. O site conta que o presidente pretende continuar trabalhando a distância o máximo possível. E relata que, no fim da declaração à imprensa, Bolsonaro não aguentou e retirou a máscara de proteção, antes de dizer: "É para vocês verem meu rosto, como estou bem. Eu estou bem tranquilo. Tudo em paz".

Mensagens de solidariedade e alfinetadas

Organizações internacionais também se exprimiram após o anúncio do dignóstico do líder brasileiro. O diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS) desejou uma "rápida recuperação" para o presidente do Brasil, mas lembrou que "nenhum país está imunizado, nenhum país está livre e ninguém pode estar seguro" contra o coronavírus, disse Tedros Adhanom Ghebreyesus. Já o responsável de emergências da OMS, Michael Ryan, estimou que "príncipe ou pobre, somos todos igualmente vulneráveis" ao vírus.

"A Opas gostaria de desejar ao presidente uma rápida recuperação", disse Marcos Espinal, diretor de doenças transmissíveis da OPAS, escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS), em entrevista coletiva, antes de lembrar o Covid-19 "não respeita raças ou pessoas poderosas" e que "aqui está um exemplo de que ainda não estamos controlando completamente esse vírus".