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Índice de contágio por coronavírus volta a subir na França e aumenta risco de segunda onda de Covid-19

13/07/2020 11h55

Médicos relatam alta de casos nos últimos dez dias, que indica um aumento do risco epidêmico.

O país começou a afrouxar a quarentena em meados de maio e, durante o mês de junho, voltou a permitir a reabertura de praticamente todos os lugares e serviços. A circulação do vírus ainda é considerada sob controle na França, mas as consultas médicas por suspeita de Covid-19 cresceram 41% entre 29 de junho e 5 de julho na França, o equivalente a 1.523 pessoas em uma semana.

Os dados foram divulgados por Serge Smadja, secretário da rede SOS-Médécins, que realiza consultas em domicílio. No pico da epidemia, esse número chegava a 2.500 pacientes por dia, mas essa alta, mesmo pequena, preocupa as autoridades sanitárias francesas.

Em entrevista ao jornal Le Monde, o epidemiologista Daniel Lévy-Bruhl, da Agência Francesa de Saúde Pública, alerta que os dados apontam para uma nova tendência ao aumento da circulação do vírus SARS-CoV-2.

"Estamos preocupados, o risco é que essa alta continue", alerta. Ele também afirma que, na França, existem 333 focos identificados de propagação. Dois deles resultaram na chamada "difusão comunitária", com cerca de 200 casos positivos registrados apenas em Mayenne, no noroeste do país. "Nosso temor é que essas situações se repitam cada vez mais e não possam mais ser controladas", afirma.

Outro motivo de preocupação, descreve o Le Monde, é que em pelo menos três regiões o famoso R0 (número de pessoas contaminadas por um caso positivo), que indica a capacidade de difusão do vírus em uma área geográfica, está novamente acima de 1. Isso significa, na prática, que um contaminado passará o vírus para pelo menos mais uma pessoa.

Além disso, dados mostra que apenas 17% dos pacientes com sintomas puderam fazer um teste na França, o que indica que o número de contágios é provavelmente subestimado.

Hospital parisiense reabre unidade Covid-19

Na região parisiense, a mais afetada pela primeira onda epidêmica de março, 30 focos estão ativos. Nos hospitais parisienses, os médicos também estão alertas. O hospital Bichat, um dos estabelecimentos públicos da capital, atendia em média um paciente contaminado por semana no fim do confinamento, em  maio. Hoje, eles recebem um caso positivo por dia. As novas contaminações são, em grande parte, "importadas" de países estrangeiros.

O chefe do setor de doenças infecciosas do hospital Pitié Salpetrière, Eric Caumes, disse ao jornal francês que, em junho, não havia quase nenhum paciente internado por conta da doença. No início de julho, houve um aumento claro do número de casos. "Reabrimos uma unidade com seis leitos", contou.

Um dos grandes temores das autoridades francesas é de que um "super contaminador" - indivíduo não-identificado com maior potencial para espalhar a doença - esteja presente em uma local com muitas pessoas e haja uma rápida propagação, gerando a segunda onda. Segundo os especialistas, a retomada da epidemia já é tida como praticamente certa no outono ou inverno francês, por isso as autoridades insistem na importância de manter as medidas de proteção como máscaras e distanciamento físico.