Pandemia contribui com crise na rede de transporte coletivo em Paris
A crise sanitária provocada pela pandemia de coronavírus teve um impacto negativo no transporte coletivo de Paris. Diante da queda no número de usuários, durante e após a quarentena, o grupo que administra o sistema de transporte público da capital registra um prejuízo bilionário.
A rede de transportes públicos de Paris já vinha registrando dificuldades financeiras há anos. Mas segundo dados oficiais, o grupo RATP, que administra os sistemas de ônibus e metrô de Paris, prevê uma perda de € 320 milhões (cerca de R$ 2,3 bilhões) em 2020. Se forem somadas as perdas da empresa francesa de transporte ferroviário (SNCF), o prejuízo total pode ultrapassar € 2,5 bilhões (cerca de R$ 15 bilhões).
De acordo com RATP, a renda vinda das bilheterias representa 30% de seu orçamento e esse montante despencou durante a quarentena, já que boa parte da população ficou confinada. Além disso, os custos suplementares ligados à higienização especial para evitar as contaminações e a compra de materiais de proteção para os funcionários contribuíram com a situação.
Mas o sistema de transporte coletivo também depende das empresas privadas, que contribuem com um imposto calculado em função da massa salarial. No caso da RATP, essa fonte de renda representa 50% do orçamento.
No entanto, durante a quarentena, muitos empregadores deixaram seus funcionários em casa, com salários parcialmente pagos pelo governo. Resultado: a massa salarial paga diretamente pelas empresas caiu e, com ela, a contribuição dada para o transporte público.
O governo já informou que vai liberar uma verba de € 425 milhões. Mas os gestores do sistema insistem que o valor é insuficiente e ameaçam até aumentar o preço das passagens para compensar as perdas.
Mudança de comportamento
Além do aspecto contábil, o que mais preocupa as empresas é uma mudança de comportamento mais profunda da população. Diante do medo da contaminação, mais propícia nos transportes coletivos, muita gente vem evitando ao máximo se locomover ônibus e metrôs e o uso de bicicletas registra uma alta inesperada.
"Nossa oferta de transportes já voltou ao normal, com 100% dos trens e metros funcionando. No entanto, a frequentação da rede continua estagnada, entre 40% e 50%", alerta a RATP.
A nova ministra da Transição Ecológica, Barbara Pompili, disse que "o Estado não vai abandonar os transportes coletivos. Vamos fazer um grande plano para relançar o sistema ferroviário e vamos ajudar os que usam transportes coletivos. Eles não podem pagar por esse prejuízo".
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