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Três indígenas morrem em protesto contra gestão da epidemia do coronavírus no Peru

10/08/2020 13h05

Três indígenas morreram e 17 ficaram feridos em um confronto entre policiais e nativos que protestavam contra a gestão da pandemia em frente ao acampamento de uma petroleira canadense, na Amazônia peruana. A informação foi divulgada no domingo (9) pelo governo peruano.

O confronto aconteceu por volta da meia-noite de sábado (8), quando cerca de 70 indígenas armados com lanças tentaram tomar à força o acampamento da empresa canadense PetroTal na região de Loreto, no noroeste. A localidade é onde nasce o rio Amazonas, na fronteira com Brasil, Colômbia e Equador: a região mais extensa e menos povoada do Peru, mas que se vê bastante afetada pela pandemia.

Os indígenas exigiam que a empresa interrompesse as atividades no poço de petróleo conhecido como Lote 95, alegando a contaminação da terra. Segundo o Ministério do Interior, o confronto começou quando os nativos, que também estariam armados de escopetas, dispararam e feriram um policial. 

No entanto, o relato que foi refutado pela Organização Regional dos Povos Indígenas da Amazônia Norte do Peru (Orpio). "A polícia começou a atirar e acabaram atingindo uns aos outros devido à escuridão", diz a versão da organização, que afirmou que os indígenas não tinham armas de fogo.

O protesto tinha como objetivo expressar a rejeição com "a empresa petroleira e o Estado, diante do abandono e a morte de familiares por falta de tratamento e medicamentos por causa da Covid-19", completou.

Em um post no Facebook a organização exigiu justiça aos indígenas. "Nossos irmãos só exigiam medicamentos, água e luz e como resposta receberam tiros que acabaram com suas vidas", publicou.

No domingo (9), a PetroTal anunciou a suspensão de suas operações na região, onde estão uma centena de trabalhadores.

Recorde de mortes por Covid-19

Com 33 milhões de habitantes, o Peru registra mais de 478 mil casos e supera os 21 mil óbitos por coronavírus. O país registrou no domingo um recorde diário de óbitos: 228 em 24 horas. No entanto, algumas mídias afirmam que, se for levado em consideração as mortes suspeita, a quantidade de vítimas fatais da doença deve estar em torno de 50 mil.

Diante desses números, o Peru é o terceiro país na América Latina mais castigado pela Covid-19, atrás do Brasil e o do México.

O aumento de contaminações ocorre cinco semanas após o relaxamento de um longo lockdown nacional. O governo não descarta o reforço das medidas de distanciamento físico e de novas restrições de circulação. 

Na sexta-feira (7), algumas regiões foram colocadas novamente sob quarentena e o governo prolongou o estado de emergência sanitária até 31 de agosto. No domingo, a imprensa divulgou imagens de grupos de pessoas sem máscaras em praias de Lima, mesmo que o uso desta proteção seja obrigatória em todo o país. 

(Com informações da AFP)