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Mais de mil crianças dormem nas ruas da França, alertam ONGs

18/09/2020 07h13

Em período de volta às aulas na França, conturbado pela pandemia, o alerta sobre crianças que dormem nas ruas volta a soar no país. "Apesar das vagas de alojamentos disponibilizadas devido à crise sanitária, muitas famílias continuam nas ruas", alerta o jornal comunista L'Humanité desta sexta-feira (18).

Essa lamentável situação não é uma fatalidade, garantem as ONGs do setor. "Hoje ainda, na França, mais de mil crianças dormem todas as noites na rua", lembra o jornal francês. Das 5.527 pessoas em família que ligaram para o 115, número de emergência no dia da volta às aulas, quase três mil não conseguiram um abrigo, entre elas 1.483 menores. A denúncia foi feita pelo Unicef e pela Federação dos Agentes da Solidariedade (FAS).

No dia 1° de setembro, das 1324 pessoas em família em Paris que solicitaram abrigo, 93% ficaram sem resposta. No resto do país, 44% continuaram desalojadas, com várias diferenças regionais.

O levantamento dos resultados do telefone de emergência 115 é apenas uma das facetas do número de crianças desabrigadas na França. "Os dados não incluem as que desistiram e resolveram se instalar precariamente, em cortiços, ocupações ou em casa de terceiros. Os menores que acompanham esses adultos não são mais contabilizados", alerta uma militante.

Faltam recursos, dizem ONGs

As associações também mencionam que as famílias encontram mais dificuldade de obter alojamentos adaptados. A opção se restringe a quartos de hotel, que são caros.

Mas há menos crianças na rua em 2020 do que em 2019, observa o jornal francês. O número de famílias que pedem alojamento baixou de 31% no país e de 13% na capital. A explicação está na "perenização de abrigos durante o isolamento", explica uma representante de uma ONG.

"Dos € 100 bilhões do plano de retomada do governo francês, apenas €100 milhões foram alocados para o abrigo de emergência. Mas nada foi previsto para a criação de novas vagas ou para responder às necessidades de crianças nas ruas", explicam as ONGs para o jornal francês.